Lucas Carioli A MV Agusta disponibilizou mais algumas fotos e informações de seu novo motor de cinco cilindros que roubou a cena no Salão de Milão. VR? V5? W5? De acordo com os italianos, o propulsor, de natureza híbrida, é do tipo VR-U.
Basicamente, um motor VR é um motor em V com um pequeno ângulo entre os cilindros, de 10 a 20 graus. Os furos dos bancos de cilindros não são opostos entre si, mas, vistos de cima, estão encaixados uns dentro dos outros. Isso significa que ele precisa apenas de um cabeçote, economizando espaço e esforço. Lancia e Volkswagen fizeram motores famosos assim.
Já os motores em formato de U combinam dois motores em linha em um único cárter. Os dois virabrequins são conectados por engrenagens helicoidais, giram em sentidos opostos e sua potência é equilibrada pelo número de cilindros do motor. Foram utilizados em carros nas décadas de 1920 e 1930. O mais famoso talvez seja o Bugatti U-16 de competição.
Nas motocicletas, a britânica Ariel Square Four, fabricada de 1931 a 1959 também tinha esse tipo de propulsor, assim como as Kawasaki KR 250cc e 350cc de competição. Mas o mais famoso talvez seja o da Suzuki RG 500 Gamma, de dois tempos, fabricado entre 1985 e 1989.
Por que esse formato de motor não pegou? Talvez pela maior complexidade de seu funcionamento. O segundo virabrequim introduz peso, atrito e momentos de inércia adicionais. Para motores a gasolina de quatro tempos, os projetos com apenas um virabrequim tornaram-se o padrão.
No novo motor da MV Agusta, os cinco cilindros estão dispostos em duas bancadas: três na frente e dois atrás. No entanto, ao contrário do motor U, eles não são paralelos aos virabrequins; em vez disso, como no motor VR, os cilindros traseiros ocupam parcialmente os espaços ocupados pelos três dianteiros.
Isso permite à MV Agusta construir o motor com um único cabeçote, uma diferença significativa em relação aos motores U anteriores com cabeçotes separados. O segundo virabrequim para os dois cilindros traseiros significa que não é necessário usar limitadores de ângulo, permitindo que o ângulo do cilindro se aproxime de 0 graus.
Isso significa que estamos diante de um motor de cinco cilindros com a largura de um de três. Além disso, os dois cilindros da parte traseira atuam também como um eixo balanceador em relação aos três da frente, equilibrando vibrações de primeira e segunda ordem, assim como as forças de massa de primeira ordem.
Além disso, a MV Agusta planeja acionar eletricamente as bombas de água e óleo. Isso reduz o atrito interno das unidades, já que o seu acionamento não é mecânico, e também pode aumentar a eficiência, já que as bombas só funcionam quando necessário – embora isso se aplique apenas à bomba de água.
Este inovador motor de 5 cilindros resolve problemas térmicos e oferece vantagens em termos de eficiência. O segundo virabrequim reduz o deslocamento do virabrequim e permite um design compacto, além de proporcionar um som interessante. A MV Agusta não disse quando veremos o motor pronto, mas pelo interesse que atraiu, isso não deve demorar.
