Quem disse que o motor a combustão está morto? A MV Agusta revelou no Salão de Milão um conceito de motor completamente novo com cinco cilindros, três árvores de cames e componentes auxiliares elétricos.

O motor desafia a categorização em qualquer configuração clássica. Não é cinco em linha nem V5, mas sim segue um princípio “quadrado”: três cilindros estão dispostos na frente, com mais dois ligeiramente deslocados atrás deles. Lembra um pouco os conhecidos motores Volkswagen, VR5 e VR6.
A MV se refere a ele como um projeto “quadrado” para enfatizar sua construção única e compacta. Ao contrário dos projetos anteriores de “quatro cilindros quadrados”, como o da Suzuki RG 500, que utilizava dois virabrequins, a MV Agusta optou por um único virabrequim aqui, reduzindo a complexidade e mantendo o peso baixo.
O trem de válvulas tem nada menos do que três comandos. De acordo com a descrição, o comando central controla as válvulas de admissão dos cinco cilindros, enquanto os dois comandos externos são responsáveis pelas válvulas de escape — ou vice-versa, dependendo da configuração.

Os componentes auxiliares, como a bomba de água e a bomba de óleo, serão acionados eletricamente. Isso reduz o atrito interno e aumenta a eficiência – uma abordagem que praticamente nenhum fabricante de motocicletas implementou nessa escala, mas em carros sim.
Apesar dessa eletrificação parcial, o motor continuará sendo um motor de combustão interna puro. Uma solução híbrida leve não está prevista, como o que foi visto no estande da Honda nesse mesmo evento, um motor de três cilindros em V de 900cc.
O motor foi concebido como uma plataforma para futuros modelos da MV Agusta e não como um substituto para os atuais motores de três ou quatro cilindros em linha. A cilindrada poderá variar entre 800 e 1.100 cc, permitindo uma ampla gama de aplicações, desde motos nakeds até superbikes de alto desempenho.

Em sua configuração mais potente, espera-se que o motor entregue mais de 240 cv e cerca de 130 Nm de torque – números que o colocariam diretamente no topo da categoria de superbikes como a Ducati Panigale V4 ou BMW S1000RR, competindo com elas de igual para igual, mas de uma forma única.
Mas o grande objetivo da fabricante de Varese é mesmo desenvolver um conceito de motor completamente novo e escalável que une o fascínio tecnológico à usabilidade no dia a dia, graças ao seu design compacto. Além de fazer uma declaração técnica, eles também podem explorar estrategicamente novos mercados.
Embora ainda não se saiba quando o motor aparecerá pela primeira vez em uma motocicleta de produção, sua estreia no Salão de Milão deixou claro que a MV Agusta não está morta e está levando a sério esse passo rumo ao seu futuro.
