Lucas Carioli O segundo lugar estava de bom tamanho, mas Diogo Moreira fez questão de vencer o GP de Portugal de Moto2 realizado ontem (9) em Portimão. Até porque o fim de semana não foi fácil e mostrou que o piloto de 21 anos está, de fato, pronto para o salto da MotoGP.
Moreira (Italtrans GP) chegou à Portimão com uma vantagem de cinco pontos para Manuel Gonzalez (Intact GP), que liderou o campeonato praticamente desde o início do ano. Mas nos treinos livres de sexta-feira (7), foi o espanhol quem começou melhor.
Moreira terminou o treino que define as entradas diretas para o Q2 em décimo segundo, enquanto Gonzalez ficou em quinto. No sábado (8), porém, o brasileiro aplicou uma estratégia de mestre: seguiu o veloz David Alonso em sua volta rápida, aproveitando o seu vácuo para conquistar a pole position com o novo recorde da pista.
Na corrida, Moreira fez uma largada perfeita e manteve a ponta, mas o estreante na Moto2, Collin Veijer (KTM Ajo), manteve-se próximo o ultrapassou no início da quarta volta. Moreira, no entanto, manteve-se próximo e deixou o piloto holandês trabalhar na frente.
Enquanto Gonzalez se complicava e perdia posições, Moreira manteve-se próximo de Veijer até restarem três voltas para o final, quando resolveu atacar. A ultrapassagem segura aconteceu na Curva 11. Depois, ele não deu mais nenhuma chance e cruzou a linha de chegada 0,090 segundos a frente.
“Fizemos um ótimo trabalho neste fim de semana. O objetivo era manter o ritmo na pista – essa foi a chave da corrida”, disse Diogo ao Speedweek. “Antes da corrida, eu estava um pouco nervoso. Acho que é normal, porque é a minha primeira vez nessa situação. As primeiras voltas após a largada foram difíceis, mas no final consegui manter o foco. Estou muito feliz com a minha corrida.”
Com Gonzalez lutando para se manter em sexto, o segundo lugar já estava bom para Moreira, mas o brasileiro tinha ideias diferentes: “Forcei bastante, eu queria alcançá-lo. Foi difícil porque ele [Veijer] estava muito rápido”, enfatizou. “Depois que o ultrapassei, forcei ainda mais — queria abrir vantagem. Na última volta, fechei um pouco a porta para me manter na frente. Eu queria vencer!”
Com a sua quarta vitória na temporada – a terceira na segunda metade do ano – Moreira chegou a 281 pontos e abriu 24 pontos sobre Gonzalez, o que lhe dá bastante margem para conquistar o título mundial de Moto2 em Valência, no próximo domingo.
“Fizemos um ótimo trabalho nesta temporada Se eu ganhar o campeonato, será como um presente”, disse. “Quero continuar assim e continuar vencendo. Vou forçar bastante em Valência e lutar pela vitória. Tenho que manter o foco e aproveitar com a minha equipe, porque esta será minha última corrida na Moto2.”
Essa arrancada sensacional de Moreira nas últimas corridas não era esperada no início do ano. Gonzalez chegou a ter uma vantagem de 64 pontos sobre o brasileiro, que não era nem o vice-líder do campeonato. O que aconteceu para essa melhora notável?
“Acho que demos um grande passo à frente desde as férias de verão”, disse Moreira, referindo-se a si mesmo e à sua equipe. “Estamos trabalhando um pouco diferente agora e focando mais nos fins de semana de corrida. Na sexta-feira, tentamos construir um ritmo forte para a corrida. Essa é a chave para se manter na frente. Estou focado em vencer as corridas; o campeonato será uma recompensa.”
A serenidade, a inteligência tática e as ultrapassagens seguras de Moreira estão chamando a atenção dos especialistas. O seu futuro chefe de equipe na Honda, Alberto Puig, o classificou como “tecnicamente muito forte”. Não é a toa que o brasileiro é o único piloto da Moto2 efetivado para a MotoGP em 2026.
