Lucas Carioli
Desde que a pandemia entrou em nossas vidas, aprendemos a lidar com a escassez de materiais vitais para a fabricação de componentes. O que está em falta agora é o magnésio, utilizado em muitas motos premium.
Surtos de Covid-19 desiguais pelo mundo resultaram em fechamentos de portos e falta de contêineres, cujos preços dispararam – assim como os envios. Desde então, que se viu foi uma escassez global bem divulgada de chips de computador e semi condutores para a fabricação de componentes eletrônicos de motos e carros.
A grande maioria do magnésio (mais de 85% da produção) vem da China, mas a produção do país foi reduzida para cerca de metade do seu nível normal este ano. Isso se deve ao aumento dos custos do carvão. Sua fundição consome duas vezes mais energia do que a produção de alumínio, portanto, a produção fica crítica.
Em setembro, o governo municipal de Yulin, província de Shaanxi, que supervisiona cerca de 60% da produção de magnésio da China, com mais de 40 fundições, ordenou um corte de 50% na produção. Previsivelmente, o resultado foi um aumento maciço no custo do magnésio.
Durante anos, o metal custou cerca de 15.000 Yuan por tonelada (US$ 2.300, R$ 13.200), mas em setembro atingiu um pico de quase 60.000 Yuan por tonelada (equivalente a US$ 9.400, R$ 52.800). Agora, está em cerca de 40.000 Yuan (US$ 6.200, R$ 35.200) por tonelada.
O problema foi causado, em parte, pelo próprio governo chinês, que impôs um embargo de importação ao carvão australiano no ano passado devido às tensões sobre a Austrália que apoiava um inquérito internacional sobre o papel da China no início da pandemia de COVID-19.
O governo chinês também tem tentado reduzir os índices de emissões de carbono do país impondo limites ao uso de carvão, mas pressionou para aumentar a produção do próprio país e procurou outras fontes (como a Indonésia) por carvão importado para substituir o suprimento australiano perdido.
A indústria automotiva (e por conseguinte a indústria de motocicletas), é a única grande usuária de magnésio. O metal é utilizado como componente de ligas de alumínio, aumentando sua resistência e reduzindo seu peso. Isso significa que ele aparece em uma vasta gama de componentes, de motores a quadros e rodas.
Motos altamente dependentes do magnésio, como a Ducati Panigale V4 podem ter a sua produção desacelerada ou os preços ainda mais elevados. Entretanto, os problemas de abastecimento de carvão da China parecem estar diminuindo. A produção em Shaanxi começou a subir novamente diminuindo alguns dos temores de escassez, mas ainda permanece bem abaixo dos níveis normais.
