Esse final de semana não tem MotoGP, mas tem 24 Horas de Bol d’Or, uma das corridas de endurance mais prestigiadas do motociclismo, no circuito de Paul Ricard, na França. Uma corrida com mais de 100 anos de história. Conheça um pouco mais aqui.

Corridas de resistência de moto têm uma forte vibe francesa. Três das quatro etapas atuais do Mundial de Endurance da FIM são realizadas em regiões de língua francesa, com as 24 Horas de Le Mans em abril., as 8 Horas de Spa-Francorchamps, na Bélgica, em junho e as 24 Horas de Bol d’Or, que encerra a temporada em setembro.
Mas a corrida foi idealizada pela primeira vez muito antes do Mundial de Endurance existir, em 1922 por Eugene Mauve, um pioneiro engenheiro especializado na construção de ciclomotores e fundador da empresa Elfe. O nome Bol d’Or foi escolhido em homenagem a uma corrida de bicicletas parisiense realizada desde 1894.
Inicialmente, Bol d’Or era uma corrida para motos e carros limitada a motores de 1100 cc. Na década de 1950, o limite foi aumentado para 1500cc e, posteriormente, para 2000cc. Hoje, é uma corrida exclusivamente para motos, embora haja uma série de atrações paralelas, como corridas para pilotos amadores e de motos clássicas.

O circuito inicial era um percurso de rua de 5.126 quilômetros entre Vaujours, Clichy-sous-Bois e Livry-Gargan, nos arredores de Paris. Posteriormente, as corridas foram transferidas para Saint-Germain-en-Laye, Fontainebleau, Linas-Montlhéry e, a partir dos anos 1970, para Le Mans, Paul Ricard e Magny-Cours.
De 1971 a 1977, Bol d’Or foi realizada no chamado circuito Bugatti de Le Mans, que exclui a parte longa da pista e deu origem à pista que hoje hospeda o GP da França de MotoGP. A partir de 1978, o evento ocorreu em Paul Ricard, até ser transferido para o mais moderno Magny-Cours em 2000.
Por um breve período, eles retornaram à Le Mans, o que gerou conflitos com as 24 Horas de Le Mans de moto, ocasionando duas corridas de 24 horas no mesmo circuito. Mas, de 2015 para cá, Bol d’Or fixou-se novamente em Paul Ricard, considerado o circuito preferido dos fãs da prova.

Antes de 1953, apenas um piloto por motocicleta era permitido. Com este regulamento, o francês Gustave Lefèvre venceu nada menos do que sete edições, pilotando por todas as 24 horas. De 1954 a 1977, as equipes eram compostas por dois pilotos e, posteriormente, por questões de segurança, para três.
Com essa forte base francófona, é natural que as equipes e pilotos mais bem-sucedidos sejam franceses. Mas em 1970, 1971 e 1992, equipes totalmente britânicas venceram as corridas. Terry Rymer venceu a corrida cinco vezes. Phil Read, Giacomo Agostini, Eddie Lawson e Randy Mamola também correram lá.
Mas o piloto mais vitorioso em Bol d’Or atende pelo nome de Vincent Philippe. De 2004 a 2019, quando decidiu se aposentar aos 42 anos, o francês venceu simplesmente nove edições da corrida, além de 10 campeonatos de endurance da FIM. É o Tom Kristensen das duas rodas!

E brasileiros, alguma vez teve? Sim! E não foi apenas pilotos: uma equipe brasileira inteira, a “Fórmula G”, bancada por uma concessionária Honda de São Paulo inscreveu uma CB 500 Four para os pilotos Walter “Tucano” Barchi e Paulo Salvalaggio em 1976. E não é que eles chegaram ao final, naa 12ª posição geral?
A equipe (rebatizada como Comstar), voltou mais três vezes à Bol d’Or nos anos seguintes, sempre com Arnoldo Bessa na direção geral e o popular Milton Benite como chefe dos mecânicos, conquistando dois brilhantes quintos lugares e um abandono quando estavam… em terceiro!
Do lado das fabricantes, a Suzuki é a marca com mais sucessos, 20 até agora, a última no ano passado com sua ex-equipe oficial, Yoshimura SERT Motul. A Honda tem 17, Kawasaki 11, Norton 9, Yamaha 5, Triumph 3, BMW 2 e até a Harley-Davidson tem uma vitória para se orgulhar, em 1938.

A 88ª edição que acontece esse ano traz o tempero extra de decidir a maioria dos títulos de 2025 do Mundial de Endurance. Apenas um ponto separa as equipes YART Yamaha e BMW Motorrad World Endurance Team, com a Kawasaki Webike Trickstar e Yoshimura SERT Motul não muito atrás.
Para a sorte da BMW, que nunca foi campeã do Mundial de Endurance, a volta recorde na qualificação, 1min51.596s, foi estabelecida por eles em 2023, o mesmo acontecendo na corrida, 1min52.517s, com o piloto alemão Marcus Reiterberger em 2024.
Ao todo, 26 nações estão participando da corrida e 53 equipes definidas para participar nas categorias Fórmula EWC, Superstock, Produção e Experimental. Os treinos livres começam amanhã (18) com as sessões qualificatórias na sexta-feira (19).