A MotoGP permaneceu no circuito de Misano Adriático para mais uma rodada de testes coletivos antes de partirem para o oriente. Na Yamaha, o protótipo com motor V4 foi testado por Augusto Fernandez, Fabio Quartararo e Jack Miller. Veja o que eles acharam da nova máquina.

Fernandez, que é o principal piloto de testes da Yamaha, correu com a motocicleta no GP de San Marino e inesperadamente chegou na zona de pontuação, após o abandono de sete pilotos que iam à sua frente. O espanhol, no entanto, disse que teve que lidar com muitos problemas.
“Foi uma corrida difícil onde aconteceu de tudo, desde problemas de consumo de combustível, problemas de embreagem e de vibração nos estágios iniciais. É a primeira vez que corremos com a nova moto e claramente é apenas o começo, mas não foi divertido, porque já na volta 10 tive que administrar o combustível”, disse Fernandez, admitindo que o motor ainda é bastante sedento.
“O V4 claramente tem muito potencial, mas sua resposta varia muito dependendo da temperatura e do trecho da pista”, prosseguiu Fernandez. “Por exemplo, em algumas voltas, ele tem boa aderência e na próxima você não consegue encontrar um ritmo, então há muito o que analisar e trabalhar. Há aspectos positivos, só precisamos encontrar um pouco mais de consistência e melhorar o consumo.”
Ansioso por melhorias, Fabio Quartararo experimentou pela primeira vez o V4 nos testes coletivos de Barcelona, há uma semana, e novamente hoje (15) em Misano. Mas o campeão de 2021 não escondeu uma certa frustração e disse que o caminho a percorrer é longo.
“A sensação na V4 é atualmente muito semelhante à da quatro em linha. Não me sinto mal, mas aqui em Misano a moto está pior. Devo dizer – pior ainda. Porque ainda não exploramos todo o potencial da nova moto“, comentou Quartararo. “Misano é completamente diferente de Barcelona, não tão fluido. Na Catalunha, houve áreas onde vi algumas melhorias – mas aqui, não há sinal disso.”
Nos testes de Misano, Quartararo usou a M1 desse ano pela manhã, antes de trocar para a nova para uma comparação direta. O francês ficou 1 segundo acima do tempo de referência de Alex Márquez (1min30s714), mas foi mais rápido que Augusto Fernandez no domingo – e também 0s9 mais rápido que Jack Miller, que também experimentou o V4.
“O motor exige um estilo diferente, mas isso não é um problema para mim. O mesmo se aplica à moto inteira. A posição do assento é idêntica e me senti imediatamente confortável com tudo”, continuou Quartararo. “O fato é que temos que deixar claro que a solução para todos os problemas não depende apenas do novo motor. Temos que olhar para a moto como um todo.“

Após meio dia de testes, Jack Miller estava em 21ª lugar, com seu tempo mais rápido de 1min32s635, quase dois segundos atrás do líder, Alex Márquez. Em comparação, na qualificação, ele marcou 1min31s377 com o motor de quatro cilindros em linha.
“É um novo projeto e uma nova moto – tentei entender os pontos fortes e fracos, além de outros aspectos, como o equilíbrio”, observou Miller. “A moto está fazendo as coisas certas, mas precisa de tempo para entender tudo e definir uma configuração. Certamente há áreas que precisamos melhorar.”
“O lado positivo que sinto com esta V4 é que, mesmo tendo mudado tudo na moto, o DNA da Yamaha continua lá”, enfatizou Miller. “Trata-se de colocar tudo na posição correta e desenvolver uma configuração básica para destacar os pontos fortes do chassi. Esta é a primeira versão e, em termos de chassi, não será a moto que teremos em Valência — este é um rascunho. Mas com ele esta manhã, estar a pouco menos de dois segundos atrás das motos mais rápidas não é nada mal.“
Alex Rins, companheiro de Quartararo na equipe de fábrica foi o que mais gostou. Com a V4, Rins completou uma volta de 1min32s1, cerca de meio segundo mais lento que o piloto principal, Fabio Quartararo. Da perspectiva do espanhol, isso representou uma clara melhoria. Com o motor de quatro cilindros em linha, no fim de semana do GP, o francês superou Rins por um segundo inteiro.
“Pude pilotar a moto V4 em uma comparação direta e notei muitos aspectos muito positivos. Gostei particularmente do comportamento de frenagem. Consigo desacelerar melhor, inclinar mais a moto e fazer curvas melhor. O resultado final é que a traseira está mais previsível”, disse o espanhol com passagens por Suzuki e Honda. “A aceleração também é muito decente – embora tenhamos uma velocidade máxima significativamente menor na especificação atual. Na minha opinião, também temos mais aderência disponível no geral.”