Talvez a maior novidade da Zontes para 2024 seja a GK350. Com um estilo que mescla elementos retrô, café racer e roadster, essa foi a motocicleta que mais chamou atenção na apresentação.
Introduzida pela J.Toledo no mercado brasileiro há um ano, a Zontes agradou e resolveu ampliar o leque de opções de três para sete modelos em 2024/25. Dois são completamente novos: o scooter 350E e a GK350, disputada a tapas pelos jornalistas para um test ride.
Todas as motos, na verdade, compartilham o mesmo powertrain, ou seja, um motor monocilíndrico de 348 cm³ e duplo comando, diferente do anterior (de 312 cm³). As principais diferenças estão no sistema de refrigeração, com um novo radiador de óleo, e no sistema de transmissão.
Os modelos 310cc vinham com embreagem do tipo cárter seco (como as Ducati). Esse método, embora mantenha o óleo do motor mais puro, gera um desgaste mais acentuado (além de fazer mais barulho). Agora, o sistema é do tipo úmido, em banho de óleo, mais convencional, silencioso e durável.
Em termos de desempenho, a diferença é pequena: 41 cv a 8.300 rpm (anteriormente 35,3 cv a 8.600) e 3,34 kgf.m de torque máximo a 7.300 rotações (antes 3,06 kgf.m aos mesmos 7.300 giros). O câmbio tem seis marchas e a velocidade máxima declarada é de 144 km/h.
O quadro também é bem convencional, do tipo tubular de aço, mas uma peça diferente da R350, se alguém imaginava que as duas eram irmãs. A partir daqui, a Zontes começa a fazer diferença: as bengalas dianteiras são invertidas, com regulagem de pré-carga.
Na traseira, destaca-se o braço oscilante de alumínio, com um design em formato de banana que lembra bastante aquele utilizado pelas KTM Duke. As rodas, nas medidas 120/70-17 e 160/60-17, são raiadas e ganharam, assim como as outras, freios generosos.
Na dianteira, por exemplo, a GK350 conta com um disco de 320 mm mordido por uma pinça J.Juan radial de 4 pistões. Na traseira, outro disco bastante generoso, de 265 mm (normalmente é 220 mm ou 245 mm) acionado por pinça de pistão único. O ABS é de canal duplo (independente).
O assento está a convidativos 795 milímetros do solo, indicando uma motocicleta acessível tanto para pilotos mais altos quanto mais baixos. O peso em ordem de marcha é de 188 kg, ou seja, com todos os fluídos e tanque cheio, que comporta 16,5 litros de combustível.
Mas é mesmo no design e na parte eletrônica que a GK350 se destaca. O estilo bebe claramente da fonte das roadsters neoclássicas da atualidade, como BMW R nineT, Triumph Bonneville, Kawasaki Z900RS e até Yamaha XSR900 (indisponível no Brasil). A atenção aos detalhes de acabamento surpreende.
Se o design é retrô, o acionamento de tudo é pura eletrônica, a começar pelo farol redondo que é iluminado por uma lâmpada de LED e circundado por luzes diurnas. O painel, comum a todos os modelos, é uma tela retangular de TFT.
São dois modos de condução, “Eco”, para economizar combustível, e “Sport” que entrega toda a potência do motor. Você pode escolher três tipos de visualizações no painel e os comandos nos punhos são retro iluminados por uma cor vermelha/ambar muito bonita.
A GK350 ainda vem com ignição sem chave (com acionamento de até 1 metro) e que desbloqueia também a trava do guidão, acionamento da tampa do tanque e do assento elétrica, tomada USB e sensor de monitoramento da pressão dos pneus. Realmente itens incomuns em uma moto dessa cilindrada.
Dito tudo isso, hora de andar. Para auxiliar ainda mais o motocicleta (muitos inexperientes, vindos de motocicletas menores), a GK350 conta com pedaleiras reguláveis em distância, assim como no guidão, uma mão na roda para achar a ergonomia ideal para cada biotipo.
A primeira coisa que notamos é que o novo motor de 350cc é mais silencioso que o de 310cc. Isso ficou fácil de perceber porque havia os dois modelos lado a lado na hora do teste para fazer a comparação. Ao subir na motocicleta, encontramos a típica posição de ataque de uma roadster/naked.
Ao acelerar, o motor passa a mesma vibração sentida anteriormente nos modelos de 310cc; imperceptível em uma tocada tranquila, mas que aparece quando se exige do motor. O torque é mais do que suficiente para deixar todos os carros para trás no perímetro urbano.
A Zontes é a marca de motos médias da JTZ Motors e a GK 350 é encarada como um de seus produtos topo de linha, portanto, parte de R$ 32.600,00, além do frete. Estará disponível em três cores bem sóbrias: preta, dourada e prata, o que sugere um público mais maduro.
O que encontramos na concorrência com características semelhantes? Certamente a sua grande concorrente será a Royal Enfield Hunter 350 (R$ 19.990,00) e também a Bajaj Dominar 400 (R$ 24.990,00), bem mais baratas, porém menos sofisticadas.
Correndo por fora, temos a Yamaha MT-03 (R$ 32.090) e Kawasaki Z400 (33.490,00), que não são retrô, mas o comprador pode acabar escolhendo. Na verdade, as reais concorrentes, como Z900RS e BMW R NineT estão em outro patamar, então para esse comprador específico, não há escolha.
O que pesa contra é realmente a sua curta e desconhecida história, o que sempre deixa todo mundo com um pé atrás na hora da compra. Mas eles já estão trabalhando isso, tanto que desenvolveram um programa de revisão com preço fixo e garantia de dois anos, sem limite de quilometragem.
Mas uma olhada na imprensa internacional mostra que não é só no mercado Brasileiro que a Zontes está no ataque. A marca já tem presença em diversos países da Europa, como Portugal, Itália, Alemanha e Reino Unido. Por aqui, já criou um pequeno séquito de fãs. Bom sinal.