A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (FENABRAVE) trouxe os números de vendas do primeiro trimestre de 2021 e as noticias não são boas: queda de 16,7% em comparação com 2020.
Foram registrados 205.553 emplacamentos de motocicletas entre janeiro e março de 2021, ao passo que no ano passado haviam sido 246.920. Para se ter uma ideia, em 2019, antes da pandemia, o mesmo período registrou 258.725 motocicletas comercializadas, ou seja, 25% a mais.
E a pandemia é considerada a grande responsável pela retração desses números. Com a explosão de casos de Covid-19 de norte a sul após as festas de fim de ano e férias de verão, muitas fábricas precisaram interromper a produção. Pontos de venda também foram afetados pela falta de produtos e restrições de circulação, de uma forma ainda mais intensa do que no ano passado.
Apesar disso, o mercado mostrou uma tímida reação entre fevereiro e março, quando os emplacamentos cresceram de 57.426 para 62.290, inclusive em outros setores, como carros e caminhões. Mas, para o presidente da FENABRAVE, Alarico Assumpção Júnior, esses números não refletem a realidade.
“Muitas dessas vendas já tinham sido realizadas, nos meses anteriores e os clientes estavam aguardando a entrega dos veículos pelos fabricantes, o que ocorreu em março. Isso justifica o bom desempenho do mês, mesmo com o fechamento do comércio em estados importantes, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, por exemplo,”, explicou.
Com esses números, a FENABRAVE preferiu não emitir uma projeção para os próximos meses: “Aguardaremos a evolução da pandemia e seu impacto no cenário econômico para podermos avaliar melhor as projeções e indicadores do setor, o que deve ocorrer até o final do 1º. semestre”, finalizou Assumpção Júnior.
Para o presidente da corretora BCG Liquidez, Ermínio Lucci, o Brasil vive uma estagflação, ou seja, uma situação simultânea de estagnação econômica (ou até mesmo recessão) e altas taxas de inflação. E um dos responsáveis é o ritmo lento da vacinação, quadro que impôs novas medidas de isolamento social com o intuito de desafogar os hospitais.
“Vejo uma economia de estagflação decorrente da lentidão da vacinação, o que efetivamente postergou a abertura da economia e demandou lockdown, o que voltou a afetar o PIB“, disse Lucci ao jornal O Estado de S. Paulo. “Depois que começarmos a ter um nível de vacinação de sucesso, como vemos nos EUA e na Inglaterra, e com o Congresso voltando a entender que a gente precisa de reformas para ter crescimento e diminuir o risco Brasil, assumindo que essa volatilidade política diminua, esse assunto [das reformas] deve voltar ao radar.“