Alessio Salucci, chefe da equipe VR46 Team e melhor amigo de Valentino Rossi, relembrou, essa semana, o primeiro teste do eneacampeão pela Yamaha, no início de 2004. “Após suas primeiras impressões, os engenheiros quase desmaiaram”, brinca.
Salucci, que é mais conhecido como “Uccio”, é amigo de infância de Valentino e o acompanhou de perto durante toda a carreira. Atualmente, o italiano comanda o dia a dia da Academia de pilotos e da VR46 Team, atualmente com os pilotos Marco Bezzcchi e Fabio di Giannantonio.
Essa semana, Uccio foi protagonista de um talk show junto com Paolo Ferrari, CEO da empresa Comoli Ferrari, que patrocina a VR46. Entre conversas e piadas, Salucci deu a sua visão dos primeiros dias de Rossi na Yamaha, vindo de três títulos consecutivos na Honda.
“No seu último ano na HRC, Vale não estava mais se divertindo, na verdade ele estava começando a ficar entediado, ele não tinha muita vontade de ir às corridas”, revelou Uccio. “Por isso eu mesmo disse que deveríamos mudar, então decidimos ir para a Yamaha.”
Mas a troca não foi fácil: “A Honda não nos deu autorização para testar a M1 antes do fim do contrato, mas a Yamaha deixou Max Biaggi andar na Honda. Ele imediatamente bateu recordes e Vale, sentado em casa no sofá ficou chateado. Ele chegou a me dizer ‘Uccio, acho que fizemos besteira'”, relembrou.
“No início de 2004, finalmente pegamos a M1 em Sepang para o primeiro teste e depois das primeiras quatro voltas, Vale veio até mim e disse: ‘Uccio, acho que dá para fazer.’ Todos os engenheiros da Yamaha estavam ao meu lado e outros ao vivo do Japão”, continuou Salucci.
“Rossi disse a todos na garagem: ‘Gente tem algo para melhorar na M1, mas vocês sabem que essa moto não é tão ruim assim’. Ao ouvir essas palavras do Valentino, alguns engenheiros quase desmaiaram”, brinca Uccio. “Então todos nós começamos a rir!”
Ao chegarem na África do Sul, para a primeira corrida do ano, a Yamaha M1 já estava em condições de vencer a Honda. “No final do segundo treino, ele me disse: ‘acho que poderemos vencer aqui’. A partir daí, ele venceu a corrida e fez aquela famosa imagem chorando ao lado da moto”, relembra.
“Muitos pensam que ele estava chorando naquela ocasião, mas na verdade ele estava rindo, porque sofreu muito naqueles meses e aquela vitória foi uma libertação”, explica Uccio. “Foi um momento histórico, porque me esforcei muito para trazê-lo para a Yamaha e o resto é história.”