A chegada de uma BMW S1000RR completamente revisada no ano passado sugere que veremos uma nova naked S1000R nos próximos meses. Mas será mesmo? A história pode não ser bem assim.
Lançada no final da década passada, a BMW S1000RR reescreveu padrões de esportividade, com seu potente motor de 4 cilindros em linha, aerodinâmica de primeira e uma eletrônica inédita para a época. A marca bávara foi uma das primeiras a perceber as vantagens dos dispositivos que hoje são via de regra nas pistas do mundo.
Com o enorme sucesso da S1000RR, não demorou muito para a BMW constituir uma “família 4 cilindros”, criando a naked S1000R em 2014 e a estradeira S1000XR em 2015. Naturalmente elas compartilham com a superbike o mesmo chassi e motor, além de diversos outros componentes.
No final do ano passado, no entanto, a S1000RR ganhou um quadro mais leve e mais rígido, um motor com válvulas variáveis de engenharia inédita (ShiftCam), aerodinâmica lapidada e novos sistemas eletrônicos, tudo para manter a superbike alemã no páreo frente à suas aguerridas rivais japonesas e italianas.
Praticamente inalterada desde 2014, a BMW S1000R começa a sentir o peso da idade. O design um tanto “áspero” nunca foi uma unanimidade e a naked ainda conta com painel misto (conta-giros analógico e informações digitais em LCD) que já soa bem ultrapassado frente às telas de TFT já disponíveis na S1000RR, R1250GS e F850GS.
Não podemos nos esquecer do motor de 4 cilindros em linha. Embora desenvolva bons 165 cv a 11.000 rpm e 114 Nm de torque a 9.250 rpm, o engenho já não se enquadra às novas normas antipoluição do Euro5 que passam a vigorar a partir do ano que vem. Legislação que a S1000RR já obedece em sua nova geração.
Você deve estar pensando: então basta para a BMW utilizar a plataforma da nova S1000RR em suas irmãs pacatas. Realmente, não é um trabalho muito difícil para os engenheiros alemães, já que esses modelos são menos exigentes em termos de pesquisa e desenvolvimento. Nada é tão extremo quanto uma pista de corridas.
Mas as coisas podem não tomar esse rumo necessariamente. As vendas da S1000R são as menores da família, ficando inclusive bem atrás em alguns países europeus. O mesmo se reflete no Brasil. De acordo com o último levantamento da Fenabrave, a naked vende menos do que suas equivalentes, Honda CB1000R, Kawasaki Z900 e Yamaha MT-09.
Outro motivo para manter a S1000R em modo de espera é mercadológico. A Ducati já fez bastante alarde sobre o lançamento da Ducati Streetfighter V4 que será revelada oficialmente em 23 de outubro. Além desta, também devemos ver uma extensamente revisada KTM 1290 Super Duke, ambas concorrentes diretas. Não é do feitio dos alemães lançarem-se em uma comparação direta com nos novos modelos imediatamente.
Além disso, a própria BMW Motorrad planeja uma série de novidades interessantes em outros segmentos de mercado. A principal é uma nova custom (alegadamente chamada de R1800C), que vem sendo divulgada aos poucos desde janeiro. Será o primeiro modelo da marca no estilo desde 2004 e as atenções devem ficar voltadas para ela.
Outra é a aguardada F850RS, versão crossover da F850GS cujos arquivos e desenhos de patente já foram descobertos inclusive no Brasil. O lançamento de uma nova S1000R ou S1000XR poderia dispersar as atenções já programadas? As respostas desse interessante jogo de xadrez são respondidas no Salão de Milão, que esse ano acontece entre 5 e 10 de novembro, na Itália.
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