O desempenho consistente da Suzuki na MotoGP vem impressionando a ponto de colocar o espanhol Joan Mir na liderança do campeonato. Mas o que o modelo GSX-RR tem de especial? De acordo com alguns analistas é a nova suspensão Öhlins BDB50.
Introduzida pela marca sueca nos testes pré-temporada de Sepang, em fevereiro, a suspensão Öhlins BDB50 apresentou resultados inconclusivos quando foi testada por Honda, Yamaha, Ducati e Aprilia, que preferiram dispensá-la nas primeiras corridas do ano.
De acordo com os alemães do Speedweek, está cada vez mais difícil convencer os engenheiros a instalar novas peças nas motos, porque o tempo de testes é escasso e há muito receio de que as novidades possam desequilibrar os protótipos de competição.
“Hoje em dia, as equipes têm que testar um grande número de combinações de chassis e motores. No final de um teste de três dias, quando todos já estão cansados, eles vêm até nós e querem experimentar o novo amortecedor também”, explica Mats Larsson, Racing Manager da Öhlins. “Mas está ficando cada vez mais difícil construir algo sobre o qual o piloto sinta a diferença imediatamente“.
Joan Mir e Alex Rins, pilotos da Suzuki, no entanto, usaram o novo amortecedor em suas GSX-RR com bastante frequência nesta temporada. O resultado parece ser uma motocicleta que contorna melhor as curvas gastando menos pneu, o que faz a diferença durante a corrida. Mas a marca japonesa também mostrou-se relutante no início.
“A Suzuki foi a primeira a reconhecer o potencial do novo amortecedor. Mas eles também precisaram de tempo. Eles tiveram bons resultados em testes de direção, mas os engenheiros de corrida não confiavam nos tempos de volta e não queriam mudar para o novo amortecedor, embora fosse claramente melhor. Acontece com frequência“, revelou Larsson.
A suspensão têm dois objetivos em uma motocicleta de competição: primeiramente garantir a aderência dos pneus amortecendo-os corretamente. Em segundo lugar, controlar o comportamento do chassi, fornecendo a geometria correta e necessária para que a moto vire e acelere com força na saída de uma curva.
BDB significa Bi Directional Bleed, ou “sangramento bidirecional”. Em termos técnicos, pode significar no fluxo de óleo (da suspensão) efetivo em ambas as direções. Mas a Öhlins naturalmente mantém os detalhes em segredo. Na verdade, até a patente do projeto ainda não foi totalmente concluída.
Na segunda corrida de Misano, Valentino Rossi (Yamaha), Pecco Bagnaia (Ducati) e Stefan Bradl (Honda) usaram a suspensão BDB50, enquanto que Alex Márquez e Cal Crutchlow (Honda) experimentaram o componente pela primeira vez no GP de Aragão, no último final de semana. Curiosamente, o espanhol chegou em segundo, entre as Suzuki de Rins e Mir.
“O BDB50 permite uma melhor aderência ao inclinar e ao acelerar, é o que dizem os pilotos. Rossi explicou que graças a este amortecedor ganhou vários metros na saída de uma curva. Para ele foi um progresso claro“, contou Larsson. Provavelmente mais pilotos vão usar o componente no GP de Teruel, no próximo domingo (25).