A quadragésima edição do Rali Dakar está em andamento e muita coisa mudou desde 1978. Se hoje o domínio é da KTM, naqueles tempos a primazia era da BMW com o lendário modelo R80G/S, vencedor de quatro edições. Esse raro exemplar 1982, por exemplo, acaba de ganhar uma restauração completa.
O trabalho ficou a cargo de Mark Johnston, um sul-africano que vive nas cercanias da Cidade do Cabo. Esta é apenas a sua segunda restauração. Fã de BMW, a primeira foi uma R100RT 1980, transformada em Cafe Racer. Sua garagem ainda inclui uma R67/2 fabricada pela marca alemã em 1952.
Johnston comprou a R80G/S através de um cara em Pretória: “Eu não estava muito preocupado com a condição geral, já que a maior parte seria substituída de qualquer maneira“, disse. “Mas acabou que a moto era muito boa, no final das contas.” Isso não o impediu de desmontá-la completamente, a começar pelo motor que foi enviado para um especialista em Porto Elisabeth.
Lá, eles aumentaram a capacidade cúbica para 1000cc, o cabeçote foi retrabalhado e novas válvulas, mais adequadas à gasolina sem chumbo, instaladas. A ponteira é da Akrapovic, mas coletor é personalizado, uma cortesia da Scorch Design.
O resto da moto ficou em casa com Johnston, que começou o trabalho instalando garfos WP de 48mm cedidos de uma KTM 525 EXC. Eles também tiveram um cuidado especial, com novas seções internas e molas mais rígidas. A pinça de freio foi reconstruída e o cilindro mestre é totalmente novo, assim como a roda dianteira.
Atrás, o braço oscilante foi alongado em quase duas polegadas, além um trabalho de off-set, para que um pneu medida 140 pudesse entrar. O amortecedor traseiro também é exclusivo, construído pelo guru local Martin Paetzold da empresa MP Custom Valve.
O subchassi é outra peça a ser feita apenas para a moto, incorporando um bagageiro não removível na parte de trás. Se olhar de perto, notará que existem ganchos minúsculos para fixar as alças das bagagem. Quanto ao assento, Johnston utilizou a peça original, mas fez uma adaptação em fibra de vidro para se encaixar corretamente. A espuma de gel é nova e a capa de couro também.
O tanque foi importado da Alemanha e pintado nas cores de competição da BMW, levando-se em conta os designs da época. A moldura do farol (de LED) é um acessório original da marca, mas foi modificada para ser removida com mais facilidade. Para o piloto, um toque de modernidade graças ao painel digital e espelhos dobráveis.
Renascida, a BMW “anda como um sonho”, de acordo com Johnston. “Você nem imagina que está montando uma motocicleta de 37 anos. Andei 4.000 km só pelo interior da África do Sul em pouco tempo“, garante.
Embora não fosse sua intenção, a R80G/S já foi vendida. A venda também o estimulou a encarar mais projetos, então ele lançou oficialmente a “Johnston Moto”, com o objetivo de lançar mais modelos restaurados. Já estamos ansiosos para o que der e vier!