Casey Stoner reapareceu na MotoGP depois de três anos, o que significa a volta de opiniões incisivas e contundentes. Em um comentário no GP de Valência, o bicampeão disse que a categoria deveria procurar manter a pureza na pilotagem e deixe de tentar ser como a Fórmula 1.
Stoner esteve presente como convidado da Ducati no GP do Algarve e novamente em Valência. O australiano está servindo de consultor da marca italiana e, apesar de torcer pelo sucesso deles, acredita que a introdução de muitos sistemas eletrônicos (como o holeshot) deveriam ser limitados.
“Adoraria ter uma palavra a dizer no regulamento técnico, para ser sincero”, disse Stoner. “Gostaria de ver certas partes eliminadas – eletronicamente também – acho que precisa haver uma grande redução. Certamente não há um problema de segurança; eles estão apenas elevando o preço do desenvolvimento e tudo mais, mas ainda estamos tentando tornar as coisas mais econômicas. Com o que temos agora, basicamente transformamos [a MotoGP] na Fórmula 1 e os custos estão disparando“, aponta.
Em 2016, a MotoGP introduziu uma centralina eletrônica padronizada para todas as motos em uma tentativa de manter os custos sob controle. No entanto, desde então, mais nada foi feito e Stoner acha que mais atitudes precisam ser tomadas para fazer o talento do piloto prevalecer.
“Quando trouxeram a ECU equalizada ficou ainda melhor do que no ano anterior, então não foi um retrocesso como todos pensavam que seria“, relembrou Stoner. “Gostaria de ver os pilotos derraparem de novo, vê-los cometer erros, lutar para permanecer na moto. Tudo isso poderia acontecer de novo se algumas regras fossem alteradas. Eu também acho que aconteceria de beneficiar os pilotos com mais [chances de] ultrapassagem”.
“Acho que todas as pessoas com quem competi tinham um ou outro ponto interessante. Não há dois pilotos iguais, nem duas motos iguais e nem duas curvas são iguais. Sempre há uma maneira diferente de abordar tudo. Existem muitas maneiras diferentes de fazer as coisas. E essa é a beleza do nosso esporte, não é como a F1, onde todo mundo depende da aerodinâmica e todo mundo anda mais ou menos na mesma linha. Na MotoGP temos muitas opções e alternativas para atacar a mesma situação”, explicou.
Stoner também desaprova as linhas verdes como limite de pista ao invés de grama ou areia: “antes você não tinha escolha a não ser se controlar, agora eles pensam ‘ei, mesmo que eu saia não importa, eu poderia abrir mais porque ainda tenho espaço’. Do meu ponto de vista esta é a pior coisa que aconteceu ao mundo das motocicletas nos últimos anos”, insistiu. Agora os pilotos são punidos pela direção de corrida em uma saída de pista.