Ausente das corridas desde 2012, Casey Stoner tem aparecido cada vez menos em público nos últimos anos devido ao seu diagnóstico de Síndrome da Fadiga Crônica. Em sua última entrevista, o bicampeão afirma estar sendo vencido pela doença e comenta a temporada 2020 de MotoGP.
Depois que se aposentou das pistas, Stoner foi piloto de testes da Honda entre 2013-2015 e da Ducati entre 2016-2018, quando descobriu a sua rara condição física: “Fui diagnosticado em novembro de 2018. Antes se passavam meses em que sentia que meu físico estava se deteriorando sem motivo aparente. Ia treinar e voltava de cabeça para baixo. Fui ao médico e no começo me enganei. A Fadiga Crônica não tem cura, mas pensei em encontrá-la. Treinar mais forte do que qualquer outro e seguir em frente. Mas a verdade é que essa doença está me destruindo e não consigo controlar“, admitiu.
Em entrevista ao jornal El Mundo, Stoner conta como é sua rotina atual: “Passei os primeiros seis meses desse ano da cama para o sofá, do sofá para a cama. Eu mal conseguia me levantar para comer. Agora estou um pouco melhor, aprendi a administrar minha energia. É difícil explicar. Começo o dia em 50% e a energia desce até ficar em zero. Uma das coisas mais enlouquecedoras é que mesmo que você tire uma soneca, a força não volta até o dia seguinte, não tem jeito“, explica.
Agora, Stoner utiliza a energia que lhe resta para ficar com a família e o passado nas pistas parece algo muito distante. “Tudo isso me fez repensar minha vida. Eu costumava me divertir, sair de moto, pescar e jogar golfe, agora estou apenas sobrevivendo. Nos dias bons aproveito para brincar com minhas filhas, se der vou jogar golfe. Mas então fico exausto no sofá nos dias seguintes. Andei de moto apenas duas vezes nos últimos dois anos. Nem sei quando foi a última vez que fui pescar“, revela.
Pouco comentada, a Síndrome da Fadiga Crônica costuma ser diagnosticada mais em mulheres do que em homens: “Atualmente não há cura. Várias empresas estão trabalhando nisso, mas é um distúrbio que normalmente não é diagnosticado ou é diagnosticado incorretamente“, afirma Stoner. “Tem gente que confunde com o vírus Epstein-Barr, que também causa cansaço, mas não tem cura. Não vejo como melhorar“, resignou-se.
Mesmo assim, Stoner acompanhou a temporada 2020 da MotoGP e suas impressões são, como sempre, polêmicas: “Esse ano, sem Márquez, ninguém estava em grande nível. Quartararo, Viñales e Dovizioso poderiam ter conquistado o título, mas perderam pontos ao longo do caminho. E fiquei surpreso ao ver que, apesar dos erros que cometeram, muitos deles continuaram a sorrir. Eu não entendo o porquê. Não era assim na minha época. Os pilotos atuais são muito conformistas. Ficam satisfeitos com os comentários que recebem no Instagram e o que acontece na pista não os afeta tanto. Além de Marc, ninguém trabalha duro o suficiente“, opina.
Apesar das críticas, Stoner reservou elogios discretos ao campeão Joan Mir, da Suzuki: “Mir foi uma surpresa agradável esse ano. Ele não foi o mais rápido e pode não ser o mais talentoso, mas trabalhou bem o ano todo. Não sei se ele pode ser candidato ao título em 2021. Não acho que alguém possa estar no nível de Marc, mas tudo pode acontecer“, concluiu.