A chegada de Toprak Razgatlioglu à MotoGP em 2026 não é a primeira vez que uma estrela do WorldSBK tenta a sorte na Categoria Rainha do Motociclismo. Alguns tiveram sucesso, outros nem tanto. Conheça alguns deles aqui.
Criado em 1988, o Mundial de Superbike (WorldSBK) surgiu para colocar um degrau máximo aos campeonatos nacionais, que corriam com motocicletas semelhantes àquelas disponíveis nas concessionárias das marcas e que pudessem se basear – e almejar.
Sua formação de pilotos toma um rumo diferente do Mundial de Motociclismo; porém de tempos em tempos aparecem talentos tão extraordinários que são levados à experientar a Categoria Rainha, onde estão os pilotos com os maiores dons e talento natural.
Mick Doohan
Depois que Wayne Gardner se transformou no primeiro australiano campeão mundial, as atenções se voltaram para a terra do Crocodilo Dundee em busca de mais talentos. Mick Doohan corria nas Superbikes australianas no final da década de 1980 e quando o WorldSBK visitou Oran Park em 1988, venceu as duas corridas, bem como a segunda etapa da rodada japonesa realizada no início do ano.
A Honda não quis perder tempo e tratou de trazê-lo para as 500cc já em 1989. A sua primeira vitória veio no Grande Prêmio da Hungria de 1990, terminando em terceiro no campeonato. O resto é história: Doohan só parou em 1999 depois de cinco títulos consecutivos. Até hoje, ele é um dos poucos pilotos surgidos do WorldSBK a se firmar no Mundial de Motociclismo.
Anthony Gobert
Gobert surgiu como um furacão no WorldSBK. Com apenas 19 anos, ele venceu a sua primeira corrida logo na primeira participação, a corrida 1 do GP da Austrália de 1994. Um feito tão impressionante que quem viu não esquece e arregalou os olheiros de novos talentos espalhados por aí. Tanto é que ele foi levado para o Campeonato Mundial em 1997 pela Suzuki.
Mas sua passagem pelas 500cc durou apenas meia temporada. Gobert não se via como um atleta e sim como uma espécie de astro do rock – e se comportava como tal. Depois de episódios de pirraças, desentendimentos e ser pego em um teste antidoping por maconha, o australiano foi sumariamente demitido. Ele ainda voltaria ao WorldSBK, mas sua carreira nunca mais seria a mesma.
Colin Edwards
Se Gobert surgiu como um furacão, Colin Edwards surgiu como um tornado. E foi exatamente esse o apelido que ganhou: Texas Tornado! Mas sua ascensão no WorldSBK, começando em 1995, foi gradual. Em 2000 ele estava no ponto e conquistou seu primeiro título no campeonato, repetindo a dose em 2002, após uma batalha intensa contra Troy Bayliss.
Em 2003, Edwards tentou a sorte na MotoGP. Sua melhor chance veio em 2005 com a Yamaha de fábrica. Mas o norte-americano nunca conseguiu superar o seu companheiro de equipe, Valentino Rossi, no auge de sua forma. Apesar de uma longeva carreira, nenhuma vitória foi conseguida. O mais próximo que chegou foi no GP da Holanda de 2006, quando caiu na última curva da última volta, após um toque com o compatriota Nicky Hayden.
Troy Bayliss
Mais um australiano nessa lista, Troy Bayliss substuiu o icônico Carl Fogarty na Ducati a partir de 2000. O primeiro título mundial veio em 2001, após derrotar Colin Edwards. Tanto Bayliss quanto Edwards migraram para a MotoGP em 2003, e foi o australiano quem inicialmente obteve mais sucesso, conquistando três terceiros lugares e terminando em sexto no campeonato.
Mas as temporadas de 2004 e 2005 foram muito difíceis e Bayliss não teve alternativa senão retornar ao WorldSBK, onde seria campeão novamente em 2006 e 2008. Ironicamente sua única vitória na MotoGP aconteceu através de um WildCard no GP de Valência de 2006, aquele em que Nicky Hayden foi campeão. Bayliss liderou aquela corrida de ponta a ponta!
James Toseland
Outro talento oriundo do motocross, James Toseland era a grande promessa do Reino Unido na virada dos anos 2000. Ele foi campeão do WorldSBK em 2004 pela Ducati e em 2007 com uma Honda não oficial, preparada pela equipe Ten Kate derrotando Troy Bayliss. Com 23 anos e 364 dias, Toseland ainda é o mais jovem campeão mundial do campeonato.
Naturalmente, as equipes de MotoGP estavam de olho e em 2008 Toseland ingressou pela equipe Tech3 Yamaha ao lado… de Colin Edwards. Embora não tenha feito nenhum papelão, Toseland foi superado por Edwards na maioria das ocasiões e os dois não se davam muito bem. Após a temporada 2009, ele decidiu voltar para o WorldSBK, sendo substituído por outra promessa de lá, Ben Spies.
Ben Spies
Ben Spies causava uma atenção tremenda na virada dos anos 2000 para 2010. O norte-americano era visto como um talento natural raro, tal qual Razgatlioglu hoje. Após ser campeão no AMA Superbike e no WorldSBK em 2009, todos apontavam a MotoGP como único caminho possível. Sua chegada aconteceu em 2010 na Tech3 Yamaha no lugar de James Toseland.
A Yamaha acreditava muito nele e apostou que seria o cara ideal para substituir Valentino Rossi, quando este saiu para a Ducati em 2011. Mas Spies não relaxou no ambiente da MotoGP e foi esmagado por seu companheiro de equipe, Jorge Lorenzo. Apenas uma vitória foi conquistada, no GP da Holanda. Ele ainda voltaria para o WorldSBK, mas o baque foi grande e pendurou o capacete logo depois.