O campeão mundial de 1993, Kevin Schwantz deu suas impressões sobre o final da temporada de MotoGP, realizado no último domingo em Valência. O texano acredita que Valentino Rossi não seria campeão mesmo se não precisasse largar em último: “ele estava em apuros nas últimas corridas“, analisa.
Schwantz relembra que Rossi caiu na classificação e largaria na décima segunda posição, mesmo se a punição que levou (largar em último) não tivesse acontecido. Ele ainda argumenta que Rossi não tinha o mesmo ritmo de Jorge Lorenzo, Marc Márquez e Dani Pedrosa para desafiá-los no circuito Ricardo Tormo.
“Rossi estava em apuros ao final da temporada depois de tudo o que aconteceu. Mesmo que ele não tivesse tido uma grande punição, ainda teria começado essa corrida em 12º. Após o erro na qualificação, eu não acho que ele tinha velocidade para alcançar os três primeiros. Desde que perdeu o título para Nicky Hayden lá em 2006, Rossi luta para ser veloz em Valência. Rossi fez um grande trabalho para chegar ao quarto lugar vindo do fundo do grid, mas quando chegou lá tinha 11 segundos de desvantagem para os líderes e provavelmente tinha usado os pneus mais do que os três primeiros, por precisar ser agressivo e passar todas as outras motos.” (Kevin Schwantz)
Schwantz fez uma longa análise sobre as últimas corridas da temporada, focando no comportamento de Rossi e Márquez. Falando sobre o GP da Austrália (onde segundo o italiano, a ‘teoria da conspiração’ teria começado), o texano acredita que o espanhol falou a verdade quando disse que estava poupando pneus no meio da corrida.
“Vamos voltar ao GP da Austrália, absolutamente a melhor corrida do ano. Fantástica! Para Rossi dizer que Márquez estava jogando um jogo com ele e segurando-o… ok há sempre essa possibilidade. Ele apontou para o ritmo super-rápido de Marc na última volta, mas eu não acho que isso é uma prova do que ele está dizendo. Eu acho que Marc realmente precisava proteger seus pneus até esse ponto. Lembro das batalhas que tive com Wayne (Rainey) e muitas vezes nós definimos a melhor volta na última volta, mesmo com a luz de combustível piscando e tendo poupado pneus até então. Na última volta você enfia a mão mesmo e se a aderência não for a melhor, que diferença faz? Hoje em dia ainda tem o controle de tração para salvá-lo!”
Schwantz também opinou sobre o polêmico Grande Prêmio da Malásia, que ficará na história pelo “empurrão” de Rossi sobre Márquez na curva 14 quando disputavam o terceiro lugar. Sobre isso, o norte-americano se mostrou mais neutro, acreditando que os dois foram culpados.
“Primeiro Valentino desperta problemas na coletiva de imprensa ainda na quinta-feira reclamando sobre Márquez na Austrália. Isso deu a Marc o motivo perfeito para prosseguir, como: ‘Ok, vá se ferrar, eu vou esculhambar com você neste fim de semana!’ Rossi então se cansou dele e mais tarde admitiu que sim, agiu de modo errado. É claro que eles iriam penalizá-lo por isso. Marquez não foi completamente impecável, porque se você se inclina sobre um cara duas vezes com o seu manete de freio exposto é muito arriscado, você está pedindo para ser derrubado. Eu não acho que Rossi queria empurrá-lo para fora da pista assim como não acho que ele mandou Márquez ao chão de propósito, mas isso não importa. O cara acabou no chão.”
Sobre Valência, Schwantz observa que Lorenzo, Márquez e Pedrosa não estavam andando devagar no circuito, mas lança uma desconfiança sobre o espanhol graças à súbita ultrapassagem de Pedrosa na penúltima volta. Ainda assim, o campeão de 1993 diz que em uma situação similar evitaria se colocar como pivô na decisão de título a todo o custo.
“Se fosse comigo correndo digamos, com Eddie Lawson e Wayne Rainey e os dois estivessem competindo pelo campeonato e eu de fora, então eu iria pilotar um pouco diferente contra eles na corrida final. A menos que eu tivesse uma oportunidade clara de atacar, eu não faria uma manobra extra arriscada. A última coisa que eu gostaria era ser o fator decisivo para o resultado do campeonato. Lorenzo e Márquez estavam andando rápido, mas quando Pedrosa se aproxima deles tirando 2s4 em quatro voltas… agora você pode ficar um pouco desconfiado. E então quando Dani chega lá, de repente Marc fica todo agressivo com seu companheiro de equipe. Mas, então você pensa, pode ser que isso tenha acontecido porque Pedrosa não estava brigando pelo título e então Márquez pode assumir mais riscos. Quem sabe…”
Apesar de tudo, Schwantz admite que gostou da exposição que as polêmicas trouxeram à MotoGP: “sou da opinião que a publicidade foi boa para a MotoGP, veja quantas notícias, opiniões e pontos de vista… mais cobertura do que nunca tivemos!“, vibrou.
Schwantz também pede paz aos pilotos e que passem a pensar no próximo ano: “Enviei um texto à Rossi depois da corrida dizendo: ‘Ei, cara, essa é a melhor corrida que você poderia feito a menos que uma ou duas Honda ficassem de fora. Vá em frente. Vá pegá-los no próximo ano.’ E isso é como eu me sinto agora. O que está feito está feito, vamos começar a falar sobre 2016“, encerrou.