A Honda apresentou hoje (25), no Salão de Tóquio, a aguardadíssima nova geração da GL1800 Gold Wing. Com motor, ciclística e eletrônica atualizadas, a motocicleta pretende reassumir o reinado do segmento cruiser, agora povoado por uma forte concorrência.
Lançada em 1975 como uma simples Sport-Touring, a Gold Wing foi crescendo em tamanho e importância no catálogo da Honda a ponto de criar um nicho próprio, o das grandes devoradoras de estradas, recheadas de conforto e o melhor que a tecnologia de sua época podia oferecer.
O tempo foi passando e a Gold Wing manteve a sua aura e um fiel reduto de fãs. Em um segmento tão restrito, chega a ser natural que a Honda não tenha despendido tanto esforço e dedicação ao modelo quanto deveria. Foram apenas cinco gerações em 42 anos. A última, realizada em 2001, restabeleceu os padrões na indústria.
Nos últimos anos, no entanto, a concorrência começou a apertar. A Harley-Davidson caprichou em sua CVO Limited, assim como a Indian com a sua Chief Roadmaster e a BMW com a K1600 GTL. Mas a gota d’água foi o lançamento da Yamaha Star Venture em junho. Era hora da “asa dourada” voltar a brilhar. Essa é a sexta geração.
Conforme já antecipávamos nessa matéria de 22 de setembro, o que mais chama atenção na nova Gold Wing é o seu visual bem mais magro que a geração anterior. São 365 kg, 44 a menos que a atual. Os largos painéis frontais e laterais que lhe eram característicos deram lugar à um design bem mais limpo e enxuto, mas que corta o ar com maior facilidade.
Os faróis agora possuem uma fileira de LED’s com uma capacidade de iluminação 50% maior, de acordo com a Honda. Os piscas são integrados aos espelhos retrovisores, como em um carro. As partes se encontram com muita fluidez e elegância. O para-brisa é alto e regulável de forma elétrica, é claro.
Comandos de avião
Em termos eletrônicos, o condutor visualiza um painel quase 100% digital, com exceção do velocímetro e do conta-giros, ainda dispostos em formato analógico. As informações vitais ao motociclista, como marcador de combustível, temperatura, hodômetro e mapas de motor estão em visores nas laterais, acionados pelos punhos.
O centro do painel, no entanto, é dominado por uma tela sensível ao toque de 7 polegadas, a central multimídia da Gold Wing, também chamada de infotainment. Os comandos são feitos por um teclado acima do tanque de combustível. As conexões são feitas por entradas USB e Bluetooth. E ainda há espaço para o airbag. A ignição dispensa chaves (keyless).
Como não poderia deixar de ser, a Honda equipou a Gold Wing com uma centralina eletrônica capaz de medir seis eixos inerciais da motocicleta. O acelerador é eletrônico (Ride-By-Wire), habilitando o modelo a ter quatro modos de pilotagem (Tour, Sport, Economy e Rain) e cruise control, indispensável no segmento. O modelo também conta com o sistema Idiling Stop, o mesmo da PCX 150, que desliga o motor em condução na cidade.
Como já esperávamos em matérias publicadas aqui e aqui, a Honda inseriu na Gold Wing o mesmo sistema de dupla embreagem (DCT) que já está disponível na série VFR, assim como na África Twin e no scooter X-ADV. O recurso, que será oferecido como opcional, permite trocas de marcha através de uma borboleta no punho ou transforma a motocicleta em uma automática. O câmbio convencional é de seis marchas, com assistente de ladeiras e subidas, o chamado “Hill Start Assist“.
Ciclistica revista
Os engenheiros japoneses também deixaram os garfos convencionais – e o orgulho – de lado para criar uma suspensão dianteira de amortecimento centralizado, o Hub Centre, parecida (mas não igual) à solução Duolever adotada pela rival BMW em sua K1600 GTL. A inovação permite que a motocicleta trabalhe de forma bem mais estável em frenagens, minimizando o afundamento das bengalas normais.
A ciclística também foi aprimorada graças à um novo quadro, integramente de alumínio, 2kg mais leve que o anterior. O motor está colocado mais à frente, para completar a estabilidade. A suspensão é semi-ativa, controlada pelo módulo eletrônico através de um botão nos punhos.
O famoso motor de seis cilindros contrapostos, conhecido por sua suavidade de funcionamento, também não foi alterado, mas passou por inúmeras mudanças internas, que substituíram seu cabeçote, pistões, virabrequim anéis e bronzinas. A potência é de 125 cv a com um torque de 17,28 kgf.m inteiramente disponível a apenas 4.500 rotações.
Montados em rodas de liga leve, os freios da nova Gold Wing são dois discos de 310 mm, mordidos por pinças Nissin de quatro pistões. O ABS é de série e de última geração, atuante em curvas. Os pneus vem nas medidas 120/70/17 na dianteira e 180/60/17 na traseira.
Além da versão convencional, a Honda irá oferecer uma versão “Tour”, desprovida do “trono” para o garupa, um para-brisas mais baixo e visual nitidamente mais limpo. A Honda irá oferecer a Gold Wing em três opções de cores. Azul metálico, vermelho metálico e cinza fosco. Os preços ainda não foram anunciados.