A Ducati apresentou hoje (5), na abertura do Salão de Milão, a nova e aguardadíssima Panigale V4, a primeira motocicleta com quatro cilindros da marca italiana em mais de uma década. O modelo chega para substituir a Superleggera do topo da linha.
Por anos a Ducati torceu o nariz para os benefícios dos motores de quatro cilindros. Eles argumentavam que os propulsores de dois cilindros em formato de L (praticamente um V2 deitado) tinham tudo o que era necessário para obter-se o mesmo desempenho (ou mais) do que as usinas berrantes japonesas e alemãs.
Mas os tempos começaram a mudar com a chegada do CEO, Claudio Domenicali. Piloto competente e empresário de visão, o italiano não acha que a Ducati deveria ficar concentrada em apenas um segmento e presa a uma única solução tecnológica. O que temos visto é uma expansão da marca em todos os setores, resultando em recordes anuais de vendas.
Com a decisão sobre a produção em série de uma Panigale V4 não foi diferente. Eles perceberam que o desenvolvimento do motor de quatro cilindros em V utilizado nas Desmosedicis de MotoGP já estava avançado o bastante para ser oferecido aos clientes e ser disponibilizado nas ruas.
Assim nasceu o motor Desmosedici Stradale, um projeto tão especial que mereceu um lançamento próprio em setembro, durante o GP de San Marino de MotoGP. No entanto, essa obra-prima de 1103 cm³ ainda precisava de uma motocicleta onde pudesse funcionar. E, apesar de algumas fotos que descobrimos aqui e ali nos últimos meses, faltava-nos a visão completa, que aqui está.
Das pistas para as ruas. De verdade.
Apesar de conceitualmente diferente, a nova Panigale V4 ainda tem muito de suas antecessoras bicilíndricas, principalmente no design. As linhas da dianteira são muito parecidas com as da Panigale Superleggera e Final Edition reveladas há alguns meses. Os ângulos, no entanto, parecem ter sido trabalhados à exaustão como se os engenheiros tivessem afiado a ponta de uma grande espada.
Nas laterais, a carenagem dá a impressão de possuir duas camadas sobrepostas. O objetivo, claro, é cortar o ar com maior facilidade e manter fresco o motor Desmosedici Stradale. A traseira é a parte que mais chama atenção. Não pelo que tem, mas pelo que não contém. Ela é minúscula, minimalista, quase inexistente e deixa a mostra o enorme pneu traseiro Pirelli Diablo Supercorsa SP. Duas entradas de ar circundam a cintura do piloto e as lanternas são filetes de LED.
A grande estrela, no entanto, continua sendo o motor Desmosedici Stradale. E não é força de expressão: todo o conjunto circunda o motor V4 inclinados à 90º, que foi utilizado como parte central da estrutura, com subchassi, cabeçote e entrada de ar aparafusados diretamente nele. Os detalhes você já conhece mas os números principais são: 214 cv à 13.000 rpm, com um torque de 12,23 kgf.m à 10.000 rotações por minuto, bem cedo para uma superbike.
E nada de ponteiras pronunciadas: com a Panigale V4, a Ducati preferiu suprimir as saídas Akrapovic da Panigale Superleggera com uma única saída sob o motor, para melhor centralização das massas. O resultado é um sistema de exaustão praticamente oculto, denunciado apenas pelo bojo na lateral direita.
Praticamente não há quadro, mas a ciclística funciona do mesmo jeito. O modelo conta com bengalas invertidas de 43mm da Showa, invertidas e completamente reguláveis. Os discos de freio tem 320 mm de diâmetro (na dianteira) e são mordidos por pinças Brembo Stylema, monobloco de competição. Na traseira, a bela roda Marchesini fica exposta em uma balança monobraço sustentada por um amortecedor Sachs.
A fibra de carbono, por sinal, está em toda a parte, desde as carenagens, subchassi, rodas balança. Outros materiais nobres são utilizados, como titânio no escapamento e alumínio injetado em partes da carroceria, como pedaleiras, tanque de combustível e pinças. O resultado é o peso pena de apenas 198 kg.
Para controlar tanta potência e leveza, a Ducati equipou a Panigale V4 com a melhor centralina eletrônica disponível em 2017. O modelo conta com suspensão ativa, capaz de controlar as ondulações do asfalto em tempo real. O modelo possui controle de tração, controle de derrapagens, controle de freio-motor, botão de largada, anti-wheelie e quickshifter para cima e para baixo. Os modos de pilotagem são apenas três: Race, Sport e Street.
Tudo é controlado através de comandos nos punhos e visto no painel inteiramente digital em TFT, capaz de mudar de cores e formatos através de páginas, uma tecnologia que vem se tornando via de regra nos últimos anos. Trata-se da melhor maneira de disponibilizar todas as informações sem “amontoá-las” em uma única tela.
É claro que essa motocicleta será colocada na pista imediatamente por muitos daqueles que a comprarem. Por isso, a Ducati preparou uma versão ainda mais equipada, a “Speciale”, com nada menos do que 226 cv, escapamento Akrapovic, suspensões Öhlins NIX-30, data logger para a telemetria e outras especiarias. O preço? € 27.890 euros pela Panigale V4 e € 39.900 pela Panigale V4 Speciale. A briga vai pegar fogo de agora em diante.