Mesmo em baixa, Valentino Rossi é uma figura interessante de se ouvir. Em uma nova entrevista ao La Gazzeta Dello Sport, o eneacampeão explica por que permanece correndo e mostra que ainda não esqueceu a temporada 2015.
Com apenas quatro pontos somados em três corridas na temporada 2021, a sua 25º no Campeonato Mundial, Rossi tem motivos de sobra para pensar em aposentadoria. Mas o italiano afirma que não permanece correndo apenas pensando na vitória.
“Meu raciocínio é muito simples e acho estranho que algumas pessoas não entendam, talvez minha forma de pensar seja diferente: gosto de como me sinto, da sensação, da adrenalina que me dá vencer, subir ao pódio ou simplesmente fazer uma boa corrida. Fico bem por alguns dias. Gosto dessa sensação“, disse. “Sei muito bem que no final o tempo terá vencido, infelizmente para todos é assim, mas tento com todas as minhas forças fazer o possível para ficar aqui. E essa é a única razão pela qual ainda estou correndo“.
Em certo ponto, o entrevistador cita a série “The Last Dance” de Michael Jordan, que confessa se aposentar dois anos antes do esperado para que seu físico não passe pela fase de declínio, uma decisão que parece ter se arrependido depois. Rossi, no entanto, pensa de maneira diferente.
“Essas são sempre coisas boas para se dizer, mas, na minha opinião, o que você perde por parar de fazer o que mais gosta é mais do que você ganha desistindo quando está no auge de sua carreira“, analisou Rossi. “E, de qualquer forma, você nunca sabe quando realmente acabou: em 2013, quando voltei para a Yamaha, já estava acabado para todos. Em vez disso, se não tivessem roubado o Mundial em 2015, eu teria ganhado outro título, teria sido o décimo e isso teria estendido minha vida esportiva como vencedor por mais 6 anos. Então, não penso como Jordan, embora ele seja um mito para mim. Claro, não quero terminar em 12º ou 16º. E se eu quisesse desistir no auge eu deveria ter feito há alguns anos. Mas eu acredito, quero tentar”.
A essa altura, Rossi já pode escolher as suas três temporadas preferidas na Classe Rainha: “2001, porque foi o último ano das 500cc e, portanto, a última oportunidade de conseguir, uma batalha terrível até à morte com [Max] Biaggi. Depois, 2004, a estreia com a Yamaha, o mais bonito. E 2008. Para muitos eu já estava acabado, velho. Em vez disso, ao mudarmos para os pneus Bridgestone venci o [Casey] Stoner“, relembra. O italiano também destaca os três oponentes que ele gostaria de ter desafiado: “Mike Hailwood, Kevin Schwantz e Giacomo Agostini“.
Aproveitando a deixa, Rossi é questionado a responder que dia no passado de sua vida voltaria para mudar: “Valência 2006. Lá joguei fora um título que poderia ter ganho e teria sido o décimo de qualquer maneira, mesmo depois do roubo em 2015”, insistiu.
De volta ao presente, Rossi é perguntado sobre como se sente na equipe Petronas SRT, a sua nova casa depois de ser trocado por Fabio Quartararo no time oficial. “Não quero cuspir no prato onde comi, também estava bem na equipe de fábrica. Mas na Petronas é muito bom, é um ambiente ótimo, muitos jovens, uma equipe de campo. Bem ingleses, basicamente são diferentes dos italianos e espanhóis, mas é legal estar aqui, de manhã me dá prazer entrar na garagem, tem gente que dá a alma“, garante.
O GP do Catar, em março foi o primeiro em que disputou posição com seu irmão Luca Marini, 19 anos mais jovem. O que eles disseram depois da prova? “Choramos. Não, não é verdade, mas estávamos os dois desesperados porque fomos lentos [risos]“, admitiu. “Gostaríamos de lutar juntos, como no domingo em Portugal, mas por posições importantes.” A próxima etapa é o GP da Espanha, que acontece em 2 de maio.