Depois de concluir o Grande Prêmio de Aragón em uma distante oitava posição, Valentino Rossi está convencido de que a Yamaha precisa reformular inteiramente sua equipe de corridas, tal qual fez quando chegou em 2004. Na época, a marca dos diapasões também atravessava um jejum de vitórias.
Rossi se classificou apenas na 18º posição para o GP espanhol, mas durante a corrida conseguiu ganhar dez posições em um evidente esforço para alcançar os primeiros colocados. Ainda assim o Doutor finalizou a corrida a 15 segundos do vencedor Marc Márquez.
Com isso, a Yamaha já soma 23 corridas sem vencer, resultado que derrubou o recorde anterior de 22 etapas, compreendido entre o GP da Austrália de 1996, vencido por Loris Capirossi, e o GP da Inglaterra de 1998 conquistado por Simon Crafar. O último triunfo foi no GP da Holanda do ano passado, pelas mãos de Rossi.
“Há semelhanças entre este período atual e o tempo em que a marca atravessava em 2003“, relembrou Rossi, que trocou a campeã Honda pela marca dos diapasões em 2004. “A Yamaha me contratou, eu era o campeão mundial, mas não foi só isso. Masao Furusawa também chegou e com ele um programa para dar um retorno à maneira como ele trabalhava no departamento de corridas“.
No início de 2004, a Yamaha se reformulava após outro período de crise. A última vitória havia acontecido no GP da Malásia de 2002 com Max Biaggi. Eles contrataram Rossi, seu mecânico Jeremy Burgess e o engenheiro Masao Furusawa, que reorganizou a equipe e desenhou uma nova YZR-M1.
“Foi um trabalho duplo: eles pegaram o piloto mais rápido naquela época, mas também fizeram mudanças profundas. Para deixar o lugar onde nos encontramos agora, devemos fazer o mesmo”, aponta Rossi. “Mas não acho que temos problemas de pilotos, porque tanto eu quanto Viñales somos rápidos. O que é necessário é todo o resto”, acredita.
Rossi ainda disse que a última grande evolução na M1 aconteceu há muito mais tempo: “O último passo que a Yamaha deu foi no teste de Aragón 2015, quando ainda havia pneus Bridgestone. Acho que naquela ocasião, o avanço foi de um novo chassi e braço oscilante.”
Zarco endossa palavras de Rossi
Rossi não está sozinho em suas opiniões. O francês Johann Zarco, que também pilota uma Yamaha M1 (da equipe satélite Tech3), finalizou o GP de Aragón apenas na 14º posição e realçou que essa foi uma de suas piores corridas.
“Não há solução, porque se você tenta ir rápido nas curvas, você escorrega“, disse Zarco. “Se você desacelera mais cedo para ter melhor aceleração, a moto não tem aceleração. Não sei o que posso fazer e você começa a se questionar como piloto. Sabemos, com a equipe, desde muito tempo“, revelou desolado.
Rossi ainda tem duas temporadas de contrato com a Yamaha antes de pendurar definitivamente o capacete e espera que a cúpula japonesa da marca tome alguma providência: “Eu só espero que algumas das pessoas importantes vejam esse número de 23 corridas sem vencer e perguntem o que está acontecendo”.