O Rali Dakar 2020 será o primeiro da história a ser disputado na Árabia Saudita. Além do trajeto totalmente novo, os participantes terão que se adaptar aos rígidos costumes locais, como não consumir carne de porco ou bebida alcoólica.
A mudança de cenário obrigou a ASO, entidade que regulamenta e promove o evento a criar um “Guia de Boas Práticas” a todos participantes diretos e indiretos no evento sobre os problemas legais que eles podem sofrer se infringirem a chamada “Lei Xaria”, vigente na Arábia Saudita.
Dessa forma, a cantina do Dakar, onde pilotos e equipes se encontram no final de cada estágio não servirá bebidas alcoólicas ou carne de porco durante os dias de competição. O simples ato de trazer certos alimentos de casa pode ser denunciado pelas autoridades do país árabe.
Além disso, assistir a conteúdo pornográfico, seja em formato digital ou em papel é expressamente proibido, isso para não mencionar o consumo (ou posse) de qualquer droga, punível na Arábia Saudita com a pena de morte.
A ASO também recomenda que manifestações de afeto em público (como abraços longos) devem ser moderadas, o que pode ser difícil para alguns participantes, como Stephane Peterhansel, 13 vezes campeão do Dakar e sua esposa Andrea, obrigados a apresentar um visto especial para dormirem juntos na mesma tenda.
Todos os participantes terão de ter um cuidado extra ao término das etapas para não mostrar o torso e tatuagens em público. De fato, a ASO recomenda que ombros e joelhos permaneçam cobertos a fim de “evitar ofensas”. Dessa forma, o programa transmitido pela televisão pode não ter muita espontaneidade.
Após 10 edições na América do Sul, o Rali Dakar 2020 começa em 5 de janeiro em Jidá, no extremo oeste da Arábia Saudita. Após mais de 7.900 km e 12 etapas, o encerramento acontece na capital Riad em 17 de janeiro. 351 veículos estão inscritos, 170 deles são motocicletas.