A Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas) divulgou os resultados de 2021. A produção anual cresceu quase 26%, mas uma análise mais detalhada revela que não há motivos para euforia.
Foram 1.195.149 motocicletas produzidas entre janeiro e dezembro de 2021, ao passo que no mesmo período do ano anterior haviam sido 961.986 unidades, um aumento de saudáveis 25,9%. Mas, como sempre dizemos, 2020 foi um ano muito atípico, com diversas paralisações nas fábricas em decorrência da pandemia de Coronavírus.
A comparação mais correta tem que ser feita com 2019, antes do novo vírus atrapalhar a vida de todos. Naquele ano, a produção total foi de 1.107.758 motocicletas. Os números de 2021, portanto, são superiores em 7,8%, uma porcentagem bem mais condizente com a realidade.
No comparativo mês a mês, os picos aconteceram em março de 2021 (125.756) e agosto (123.722). Depois de uma certa estabilidade entre, setembro e novembro, os números caíram drasticamente em dezembro (76.359), que foi apenas 3,9% melhor que o mesmo mês em 2020 (73.471).
Um comparativo do total de produção de cada fabricante entre 2020 e 2021 revela outras facetas interessantes. Várias marcas, especialmente de altas cilindradas tiveram uma queda acentuada de produção. É o caso da BMW Motorrad (-3,1%), Ducati (-10%), Harley-Davidson (-35%) e Suzuki (-47%).
As fabricantes que apresentaram crescimento na produção são quase todas focadas em baixas cilindradas. É o caso da Honda (23%), Yamaha (24,2%) e Dafra (15,9%). As únicas exceções foram a Triumph, que apresentou um crescimento surpreendente de 31,8% e Kawasaki (12,3%).
Isso significa que o crescimento do setor apresentado em 2021 foi bastante desigual, sugerindo uma maior procura por motos como meio de transporte/trabalho e marcas mais consolidadas, com seus próprios sistemas de crédito, cujo índice de aprovações decaiu bastante ao longo de 2021, de acordo com dados de vendas da Fenabrave.