A MotoGP anunciou ontem (24) o calendário de 2026 com a grande novidade, a volta do GP do Brasil. Mas há uma ausência significativa, o GP da Índia. Por que isso é um sinal de alerta para a nossa etapa?
O maior produtor e vendedor de motos do mundo na atualidade, a Índia é um mercado importante para a MotoGP. A Dorna Sports trabalhou bastante para levar a Categoria Rainha ao país hindu, que sediou a sua primeira etapa em setembro de 2023.
Mas o primeiro GP da Índia se revelou um transtorno, começando pela empresa responsável pela emissão dos vistos. Apesar de cobrar 50% mais do que o valor normal pelo governo, ela não os entregou a tempo, fazendo com que pilotos e funcionários (2.000 pessoas) chegassem ao país atrasados.
Reclamou-se também dos preços exorbitantes. A HRC teria pago 28.000 euros pela hospedagem e serviços de transporte e uma equipe pequena como a PrüstelGP pelo menos € 8.000. Carros de aluguel não puderam ser reservados, porque não podem ser segurados para estrangeiros.
Além disso, os habitos peculiares dos indianos fizeram as equipes protegerem cuidadosamente salas de hospitalidade, escritórios e vestiários do paddock à noite. Mesmo assim, houveram relatos de alguns furtos e invasões, alguns verossímeis, outros não.
Vários pilotos queixaram-se das altas temperaturas, elevada umidade e poluição. O próprio público indiano não compareceu como o esperado; apenas 111.762 espectadores durante todo o fim de semana e somente 58.605 no domingo.
A MotoGP não retornou à India em 2024 alegando as eleições gerais no país, organização da etapa e condições climáticas como entraves, prometendo um retorno em 2025. Não aconteceu. Agora, o calendário 2026 foi divulgado sem a etapa e sem nenhuma explicação.
A Fórmula 1 também teve experiências mistas correndo na Índia. Apenas três etapas foram realizadas no Circuito Internacional de Buddh entre 2011 e 2013, mas problemas burocráticos, alfandegários e fiscais afastaram o país da categoria, que não parece ter interesse em retornar.
Nos últimos anos, vários países fizeram fila para sediar uma etapa de MotoGP. País de Gales, Finlândia e Cazaquistão construíram autódromos novinhos em folha, mas problemas geopolíticos (Guerra na Ucrânia), climáticos (inundações) e simplesmente corrupção inviabilizaram os planos.
O próprio GP do Brasil de Motociclismo tem uma história conturbada. Nosso país recebeu a Categoria Rainha em três autódromos diferentes: Goiânia (1987 a 1989), Interlagos (1992) e Jacarepaguá (1995 a 2004) não conseguindo criar raízes em nenhum.
Na vizinha Argentina, as coisas correram de forma parecida, com MotoGP ficando 15 longos anos afastada até que um novo circuito no padrão FIM foi construído. Quando este passou a apresentar problemas, eles não apareceram. Para 2027, eles prometem retornar em Buenos Aires graças ao aparecimento de novos promotores.
Depois de anos de muitas negociações – e de uma reforma mais intensa no Autódromo de Goiânia – parece que estamos prontos para receber novamente os ícones do motociclismo. Mas as coisas precisam dar certo nos bastidores para garantir a continuidade da etapa nos anos vindouros.