Pit Beirer, chefe da divisão de competições da KTM comentou sobre a inesperada saída de Johann Zarco da equipe de MotoGP. O dirigente garante que eles fizeram todo o possível para agradar ao piloto francês, mas eles não podiam mudar a filosofia da motocicleta.
Após conquistar dois títulos seguidos na Moto2 (2015/2016) e realizar duas temporadas promissoras na Tech3 Yamaha (2017/2018), Johann Zarco foi considerado o piloto ideal para liderar a recém formada equipe KTM de MotoGP.
Apesar da alta expectativa, Zarco nunca conseguiu bons resultados com a máquina austríaca. Sua melhor classificação foi uma 10º posição no GP da Catalunha. Durante, o GP da Áustria, o francês disse a seus superiores que queria rescindir o contrato de dois anos que tinha assinado.
“Foi um momento muito chocante para nós quando Johann nos pediu para rescindir o contrato para o próximo ano“, disse Beirer ao Speedweek. “Foi um choque, porque estávamos no primeiro semestre do primeiro ano! Para nós, ficou claro: o mercado atual de pilotos não é suficiente, a maioria dos mais proeminentes tem contratos de dois anos, mas queríamos terminar a temporada com Johann. Mas depois do que aconteceu, algo mudou na mente de todos os envolvidos: a equipe, eu etc. Pensávamos o que nos espera no futuro“, explicou.
Apesar de inicialmente divulgarem a continuação da parceria até o fim da temporada, Zarco e a KTM optaram por separar-se em definitivo antes do GP de San Marino. “Precisamos de pilotos para apoiar nosso projeto, e eu não via mais isso em Johann. Portanto, nas semanas após Spielberg, surgiu a ideia de efetivar a sua separação antes do final da temporada“, revela.
Beirer, no entanto, lava suas mãos sobre o esforço em realizar os desejos de Zarco. “Não houve pedido dele que não fizemos“, garante. “Atendemos a todos os seus pedidos e desejos: fizemos a moto mais longa, mais curta, mais baixa e mais alta. Tentamos tudo o que estava em nossas mãos, mas não podíamos construir uma Yamaha para ele“, ressalta.
Para Beirer, que foi um proeminente piloto de motocross até ficar paralítico em 2003, a KTM tem uma filosofia de construção e não está disposta a abrir mão apenas por um piloto: “Como diretor esportivo, eu sei que uma motocicleta que se adapta a um motociclista não precisa se adaptar ao resto deles. Vimos isso em 2006 e, desde então, sabemos que os pilotos têm necessidades diferentes e que você deve tentar atendê-las“, esclarece.
“Tratamos cada piloto individualmente, não ignoramos ninguém, mas temos uma filosofia para a nossa motocicleta (referindo-se ao chassi multitubular e às suspensões WP, diferentes de todo o resto do grid) que não poderíamos mudar exclusivamente para Johann. Mas ele nunca nos pediu um chassi de alumínio ou suspensões de Öhlins, embora eu também não saiba se ele queria isso“.