Cada moto possui um quadro construído e idealizado de acordo suas pretensões de uso. Pode não parecer, mas isso causa uma influência direta no prazer que cada motociclista sente ao pilotá-las.
A função principal de um quadro é a mesma do esqueleto humano: manter unidas as diferentes partes de uma estrutura rígida. Entretanto, motos diferentes suportam torções diferentes. Por isso, em mais de 100 anos de evoluções, esse esqueleto ganhou diversas formas.
Um quadro adequado reflete-se no comportamento da motocicleta, fazendo o modelo contornar curvas sem esforço, ganhando em estabilidade, tanto em retas como sob frenagem, o que naturalmente contribui para a confiança e bem estar do piloto.
Existe uma grande variedade de quadros de motocicletas disponíveis no mercado hoje em dia, cada um com suas próprias vantagens (para o fabricante) e benefícios (para o motociclista). Confira abaixo os principais.
Espinha dorsal (Backbone Frame)
Um dos mais simples que existem é o tipo backbone. A estrutura do quadro consiste-se em uma base muito parecida com a de uma espinha dorsal conectada diretamente à mesa de direção. O subchassi é aparafusado a ele, assim como o motor.
Não é um quadro que se destaca pela rigidez, portanto não é indicado para pilotagens esportivas. É uma estrutura vista apenas nos modelos mais simples de motocicleta, como a Sundown Hunter 100 e Dafra Super 100. Contudo, sua construção simples mantém os custos baixos.
- Vantagens: construção simples, custos baixos
- Desvantagens: pouca resistência, altos níveis de torção
Diamante (Diamond frame)
O chassi do tipo diamante é um dos mais comuns. Eles receberam esse nome inspirados no quadro de uma bicicleta que têm uma forma que lembra o cristal e, por causa de sua concepção mista, une boa rigidez e baixo custo.
Em uma motocicleta, há um tubo inferior que está ligado à direção numa extremidade e ao motor na outra. Aqui, o propulsor contribui para a rigidez e é um elemento chave da tensão. Quase todas as estruturas são feitas de aço, mas há casos de modelos em alumínio também.
Esse é um chassi com muitas variáveis e subdivisões, portanto há uma enorme variedade de motocicletas que o utilizam, desde a popularíssima Honda CG 150 Titan, passando pela média CB 500, que possui um diamante com estrutura treliçada.
- Vantagens: construção relativamente simples, com boa rigidez e baixos custos
- Desvantagens: em motos potentes, tende a torcer em demasia
Berço simples, duplo e semi duplo (Cradle Frame)
Os chassis do tipo berço são bastante populares e um dos mais antigos. Assim como no diamante, essa espécie de quadro também tem um tubo que desce da direção até o motor, aqui porém envolvendo-o por baixo. O propulsor fica por dentro, com se estivesse acomodado em um berço.
Há três tipos: berço simples, berço duplo e semi duplo. Seu uso é bastante variado, desde as trail, street, custom e esportivas, como Yamaha RD 350, Honda CB 750F, Suzuki Bandit 650N, diversas Harley-Davidson e muitas outras.
- Vantagens: a construção simples, com boa resistência à torções
- Desvantagens: Limita bastante ousadias no design. Em altas velocidades tende a torcer bastante
Quadro de Treliça (Trellis Frame)
O quadro de treliça é formado por tubos de soldagem arranjados como se fosse uma gaiola. O motor é aparafusado a ele, desde a base do guidão até à balança (braço oscilante). São rígidos, leves e com um design que favorece muito o visual, além de bastante bons para a pilotagem esportiva.
É o favorito das fabricantes Ducati, Bimota e outras. Como os tubos têm de ser soldadas entre si, a sua construção é um pouco mais complexa. Normalmente eles são compostos de alumínio, o que eleva bastante os custos, por isso é raro vê-los em motos acessíveis.
- Vantagens: ótima rigidez, tornando-o uma boa opção para pilotagens esportivas. Seu design também favorece amplas opções “artísticas”.
- Desvantagens: Construção complexa e de alto custo.
Dupla trave superior (Perimeter Frame/Twin spark/beam frame)
Os quadros em dupla trave (também chamados de monotrave superior ou de perímetro) consistem em uma estrutura sólida, que vai desde a base da direção até o braço oscilante, abraçando o motor no meio. Essa constituição permite altos níveis de rigidez.
Não é a toa que é o chassi favorito das motos esportivas, como Yamaha R1, Honda Fireblade, Kawasaki ZX-10 e muitas outras. Também já foi visto em algumas street como, por exemplo, a Honda CB600F Hornet e Triumph Street Triple 675.
Por ser sólido, rígido e leve – quase sempre de alumínio, ou materiais ainda mais nobres, como titânio e fibra de carbono – o chassi em dupla trave é caro de ser produzido, sendo rara sua aparição em motocicletas mais baratas.
- Vantagens: excelente rigidez e baixo peso. O ideal para pilotagem esportiva
- Desvantagens: construção cara demais para colocá-lo em motos acessíveis
Monobloco (Monocoque)
O tipo monobloco tem utilização mais comum entre os carros, onde os painéis da carroceria formam o chassi e não há nenhum quadro separado, o que reduz o peso, aumenta a precisão e melhora a dirigibilidade. Nas motos, os benefícios são semelhantes.
Nesse método, o quadro é meramente uma peça de ligação com a caixa de direção. O motor é um membro ativo do chassi. Mas para garantir o ideal compromisso entre rigidez e flexibilidade, eles normalmente são construídos com alumínio, fibra de carbono ou titânio, o que encarece tudo.
Nos últimos anos, seu emprego vem aumentando, graças principalmente ao sucesso da Ducati Panigale V4. A última geração da Ducati Monster (foto acima) também aposentou o chassi de treliça para apostar em um tipo monocoque ultraleve. Ou seja, coisa para poucos.
- Vantagens: redução drástica no peso, boa rigidez, ótima maleabilidade
- Desvantagens: custos de produção