A cada troca de óleo muitos ficam na dúvida sobre qual o melhor óleo lubrificante para colocar em sua motocicleta, mineral ou sintético. Os dois tipos tem defensores ferrenhos, cada um com explicações muito bem elaboradas. Mas afinal, qual deve ser utilizado?
Antes de nos aprofundarmos nas diferenças entre os dois óleos é recomendável saber o que é esse “azeite” que circula dentro de nossos motores. Por definição, um lubrificante é qualquer material líquido, sólido ou gasoso que se coloque entre duas partes móveis para evitar o atrito entre as mesmas.
O lubrificante penetra nas cavidades e cria uma camada entre essas partes, não permitindo que haja um contato direto entre elas reduzindo de forma drástica os esforços e desgastes por fricção. Resumindo: é o óleo que permite que o motor gire e funcione como planejado.
A principal diferença entre esses dois tipos é a forma como são feitos. De concepção mais antiga, o óleo mineral é produzido da destilação e refinação do próprio petróleo. Cerca de 50% de um barril de petróleo bruto é utilizado para a fabricação desse lubrificante.
Por outro lado, o óleo sintético não deriva do petróleo. É produzido pela chamada “otimização molecular por síntese química”. Em outras palavras, é feito em laboratório, através de processos químicos complexos que alteram as estruturas moleculares da matéria-prima, de acordo com as necessidades requeridas. Podemos dizer que são lubrificantes feitos “sob medida” para determinados tipos de uso.
A esse ponto você deve estar pensando “então o óleo sintético é claramente melhor”. Embora os motores mais modernos estejam sendo cada vez mais acertados para o uso contínuo desse tipo de lubrificante, na prática a situação não é tão simples assim. Vejamos abaixo.
Óleo Mineral – Vantagens e desvantagens
- O preço é a sua principal vantagem. Eles são mais baratos e podem custar até um terço a menos do que o preço de um óleo sintético;
- Custa menos, mas também dura menos. Normalmente as trocas acontecem com o dobro de frequência;
- São óleos menos eficazes em regimes de altíssimas temperaturas;
- São mais adequados a motores convencionais e antigos, que já possuem borras e trabalham com mais folgas.
Óleo sintético – Vantagens e desvantagens
- Podem-se percorrer mais quilômetros com o mesmo óleo, já que a película que se cria entre as peças tem uma maior duração (desde que usado nos limites de performance aceitáveis);
- Proporcionam uma proteção superior e mais completa às peças internas do motor;
- Reduzem a dependência do petróleo;
- Menos formação de depósitos e resíduos dentro do cárter;
- Graças aos aditivos que contém, o motor trabalha em melhores condições e de forma otimizada.
Em suma, hoje em dia o óleo mineral típico já pode ser considerado como superado. Embora tenha um preço inferior, sua vida útil também é menor e dependendo do modelo não compensa. Afinal, se tem motos que utilizam apenas 1 litro de óleo, há outras que chegam a utilizar quatro ou cinco de cada vez, sem contar o filtro.
Mesmo assim é recomendável prudência na hora de mudar a especificação do óleo. Se você possui uma moto antiga ou clássica, que sempre utilizou lubrificante de origem mineral, continue com ele. As reações químicas de um sintético podem vir a prejudicar o funcionamento do propulsor “não acostumado” a novos reagentes.
Por outro lado, se você possui uma motocicleta moderna, é perfeitamente possível migrar para o óleo sintético, caso já não utilize de fábrica, como muitas marcas já o fazem. Os cuidados ficam por se ater a uma viscosidade e especificação correspondente ou próxima à requerida no manual de instruções.
Entre eles ainda existe os óleos semissintéticos, ou de base sintética, como também são chamados. Esses lubrificantes misturam os dois processos de fabricação em proporções variáveis, buscando extrair o melhor das duas formas. Vale lembrar que as matérias primas sintéticas possuem um custo muito elevado. De qualquer forma, nunca misture por conta dois óleos de origens diferentes!
O que significam aquelas siglas na embalagem?
As siglas nas embalagens também costumam quebrar a cabeça de muita gente, mas são bem simples. A numeração mede a viscosidade do óleo, ou seja, é a medida da resistência do lubrificante à deformação causada pela força do motor. Em outras palavras, é a “grossura” do óleo!
Os números correspondem à classificação da SAE (Society of Automotive Engineers): De 0W até 25W são óleos de baixa temperatura, com o W significando Winter (inverno, em inglês). De 25W até 60 são os de alta temperatura. Quanto maior o número, mais viscoso o lubrificante será.
Tomando como exemplo o Yamalube 20W-50: o significado da numeração indica que o óleo se comporta a baixa temperatura como um lubrificante 20W, reduzindo o desgaste da partida do motor à frio, enquanto que em altas temperaturas o comportamento é de um SAE 50, se adequando, portanto, a uma ampla faixa de utilização.
As letras também são abreviações de entidades internacionais responsáveis por estabelecerem uma série de normas técnicas nas quais os óleos devem obedecer. A sigla API, por exemplo, vem de American Petroleum Institute e funciona como uma espécie de “guia” para o consumidor se basear.
O “S” significa Service Station e a letra seguinte define o grau de desenvolvimento do produto. O primeiro foi o API SA, há muito obsoleto. As classificações mais recentes são a SJ e SL. A sigla JASO vem de Japanese Automobile Standards Organization e trata-se de outra organização reguladora de parâmetros, dessa vez no Japão.
A designação FC é para motores dois tempos e MA para os de quatro tempos. O caractere seguinte que acompanha um dos dois define as características de atrito podendo ser, portanto, MA, MA1, MA2 ou MB. Haja sopa de letrinhas!