Takaaki Nakagami foi o único piloto titular da Honda na MotoGP a sobreviver razoavelmente inteiro à acidentada primeira metade da temporada. O japonês é, portanto, o mais qualificado para explicar porque a a moto está tão ruim.
Nakagami (LCR-Honda) deu uma rápida entrevista ao site alemão Speedweek, onde trouxe à tona os bastidores da Honda no principal campeonato de motociclismo. O japonês revela que os maiores problemas começaram em 2022, quando eles trouxeram uma moto inteiramente nova.
“A moto de 2021 era muito boa, foi muito competitiva em algumas corridas. A moto de 2022 foi, então, uma mudança completa de conceito. O conceito geral sempre permaneceu o mesmo, apenas o caráter do motor mudava, ou tinha mais torque, entrega de potência diferente… o chassi e a sensação das rodas dianteiras e traseiras, por outro lado, permaneciam os mesmos“, explicou Nakagami.
O novo conceito introduzido em 2022 (e seguido em 2023) causou muita estranheza aos pilotos: “A moto de 2022 era então muito diferente em todos os níveis. O chassi, a geometria, a sensação da dianteira… a moto perdeu o DNA da Honda, então tive que mudar meu estilo de pilotagem, que havia aprendido quatro anos antes“, revelou o piloto.
Mas a primeira impressão não foi negativa: “Tenho que admitir que gostei do fato de a moto ser diferente do que tínhamos pilotado antes. Mas quando começou a temporada de 2022… o maior problema era que não tínhamos os dados recolhidos ao longo dos anos. Anteriormente usávamos eles quando ficávamos perdidos e isso ajudava-nos a voltar à pista. Mas isso era impossível em 2022.“
Outra mudança foi dar a cada piloto a liberdade de desenvolver a sua moto independentemente dos outros, o que aumentou a confusão: “Os quatro pilotos tinham chassis diferentes e seguiram diferentes estratégias de desenvolvimento. Cada chefe aplicou ideias diferentes. Não podíamos copiar nada, não podíamos trocar dados, não podíamos nem compartilhar nossas ideias porque todos os quatro tinham suas próprias“, revela Nakagami.
Voltando à 2023, Nakagami descreve em detalhes como é pilotar a RC213V hoje: “A roda dianteira fica escorregando, a traseira fica muito instável, a moto balança muito. Quando você faz uma curva, falta aderência na frente e é fácil cair. E assim que você dá acelerador e não há aderência na parte traseira, a roda traseira começa a patinar. Não sei se é um problema mecânico ou eletrônico, mas de qualquer forma é muito difícil de administrar”, resumiu.