Uma mulher paralítica tomou uma atitude drástica para contornar as dificuldades de locomoção no Irã: construir a sua própria motocicleta. Entretanto, a cadeirante de 39 anos sequer possui carteira de habilitação e tem dificuldades para consegui-la.
Frustrada com a falta de preocupação do governo iraniano em oferecer uma infraestrutura capaz de ajudar os 1,3 milhões de pessoas com deficiência no país, Zahara Sedighi criou um veículo especial baseado em duas motocicletas.
As motos ficam dispostas lado a lado, enquanto que Sedighi encaixa sua cadeira de rodas entre elas, controlando-as a partir dali. Contudo, a história, revelada em primeira mão pelo jornal EuroNews não explica como foi a construção do modelo.
Sedighi disse que o modelo é o seu principal meio de transporte nos últimos sete anos facilitando muito o seu dia-a-dia no país árabe: “Não posso pegar um ônibus, não consigo encontrar um táxi. Não há transporte para pessoas com deficiência na sociedade” explicou. “Quando criança, minha mãe era forçada a me levar para a escola em um carrinho de mão“, revelou.
Apesar do heroico esforço, Sedighi não possui carteira de habilitação. Embora nenhuma lei iraniana proíba explicitamente mulheres de andar de motocicleta, a polícia recusa muitos pedidos de permissão: “Um policial tentou o melhor que pôde para conseguir uma licença“, continuou. “Ele prometeu a ela que faria algo, mas no final, o chefe do Departamento de Trânsito disse que ele não pode dar uma licença para uma mulher“, revela.
Há um vislumbre de esperança para Zahara, no entanto. Como a história ganhou notoriedade internacional, a vice-presidente do Irã para mulheres e assuntos estrangeiros, Masoume Ebtekar, está investigando sua situação.
Além disso, há um novo projeto de lei em tramitação que poderia facilitar a sua situação. Se aprovado pelo governo, o chamado “Ato de Proteção Integral para Cidadãos Deficientes” reformaria edifícios e instalações de transporte em uma tentativa de remover barreiras para pessoas com deficiência.