O Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), enfim, revelou hoje (10) o veredicto final sobre o caso de doping de Andrea Iannone. O piloto italiano foi definitivamente considerado culpado e terá que cumprir nada menos do que 4 anos de punição.
Iannone teve a sua licença de pilotagem cassada pela Federação Internacional de Motociclismo (FIM) em 17 de dezembro do ano passado, logo após sair o resultado de um teste antidoping depois do GP da Malásia. Análises da urina do piloto mostravam a presença de drostanolona, um anabolizante muito comum entre fisiculturistas.
O piloto de 30 anos imediatamente solicitou uma amostra B, que confirmou o resultado. Seus representantes então recorreram à Comissão Disciplinar Internacional (CDI), cujo julgamento ocorreu em 4 de fevereiro e considerou Iannone culpado. Eles, contudo, reconheceram que a ingestão da substancia possa ter sido acidental, através do consumo de carne contaminada na Malásia e recomendaram apenas 18 meses de punição.
A última cartada foi o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), o mesmo que avaliou a punição de Valentino Rossi para a última etapa da temporada 2015. No entanto, a organização sediada em Lausanne, na Suíça, trabalha em estreita colaboração com a Agência Internacional Antidoping (WADA), que recomendou a punição máxima à Iannone, ou seja, quatro anos afastado do esporte que pratica.
E assim foi feito. Argumentando que nem a defesa de Iannone nem os especialistas consultados por seus advogados “não foram capazes de comprovar especificamente que havia um problema de contaminação na carne consumida na Malásia (o argumento da defesa), o TAS assumiu que houve uma “violação das regulamentações antidopagem”.
“Uma vez que cabe ao atleta estabelecer, no balanço de probabilidades, o que é uma ingestão intencional ou não, sua impossibilidade de fazê-lo significa que ele é considerado como tendo cometido uma ingestão intencional, de acordo com as regras antidopagem aplicáveis”, explicaram. “A conclusão não exclui a possibilidade de que Andrea Iannone possa ser o resultado do consumo de carne contaminada com Drostanolona, mas isso significa que Andrea Iannone não foi capaz de fornecer qualquer evidência convincente de que a ingestão não foi intencional “, concluíram.
Isso significa que Andrea Iannone permanecerá afastado das pistas até 17 de dezembro de 2023, quando terá 36 anos de idade, o que praticamente encerra a sua carreira esportiva. Além disso, os resultados obtidos pelo piloto no GP da Malásia do ano passado serão retirados.
“Hoje sofri a maior injustiça que pude receber. Meu coração se despedaçou, separando-me do meu grande amor, as corridas“, disse Iannone nas redes sociais. “As razões não têm sentido lógico e são com base em fatos errados. Para isso, haverá a hora e o lugar certos… porque eu não desisto. Neste momento sofro porque não o poderia fazer de outra forma. Mas quem quer que tenha tentado destruir a minha vida irá compreender em breve quanta força há no meu coração. O poder da inocência e acima de tudo… da consciência tranquila. Uma frase pode mudar os acontecimentos, mas não o homem”, acrescentou.
Aleix Espargaró, seu agora ex-companheiro na Aprilia e que já teve desentendimentos com Iannone no passado, mostrou solidariedade com o italiano: “Injustiça! Tivemos nossas divergências, mas honestamente, Andrea Iannone e eu sempre tivemos um bom relacionamento a nível pessoal. A sanção de quatro anos me parece super desproporcional e me deixa muito triste. Todas as forças do mundo, meu amigo“, escreveu.
O chefe da equipe Aprilia, Massimo Rivola também deixou registrada a sua crítica: “As sentenças são respeitadas e acatadas, embora muitos elementos desta decisão suscitem perplexidade, inclusive do lado puramente científico. Não nos arrependemos de estar perto de Andrea, na verdade, ainda somos próximos a ele mesmo agora“, garantiu o dirigente.
“Esta história, depois de tanto tempo, prejudicou gravemente a Aprilia Racing e a nossa estratégia para esta e na próxima temporada. Temos agora a obrigação de olhar para a frente, e encontrar uma solução de alto nível que corresponda ao projeto iniciado com Andrea e que nos permita continuar nosso crescimento, que existe e é evidente“, completou.
Com a vaga de piloto titular em aberto, a Aprilia agora corre contra o tempo para garantir uma opção competitiva para 2021. Uma das opções, Andrea Dovizioso anunciou hoje que vai tirar um ano sabático na próxima temporada. A marca italiana, no entanto, também negocia com Cal Crutchlow e Jorge Lorenzo.
Relembre a carreira de Andrea Iannone
Nascido em Vasto, na região de Abruzzo, próxima ao circuito de Misano, Andrea Iannone começou a correr ainda criança com minimotos, onde foi campeão. Competiu tanto no campeonato italiano quanto espanhol antes de ingressar na classe 125cc em 2005. Em quatro anos, conquistou quatro vitórias, três poles e uma volta mais rápida na categoria.
Iannone começou a se destacar quanto ingressou na recém criada classe Moto2 em 2010. Naquele ano, o italiano conquistou duas vitórias e outras duas em 2011, sendo o único piloto além de Marc Márquez e Stefan Bradl a vencer mais de uma corrida naquela temporada. Em 2012 venceu mais duas provas antes de ser convidado a ingressar a equipe Pramac em 2013.
Na equipe satélite da Ducati, Iannone chegou a ser considerado um dos pilotos mais promissores da MotoGP, tanto que garantiu um lugar na equipe titular em 2015. Foi o italiano o responsável pela primeira vitória da equipe desde os tempos de Casey Stoner, no GP da Áustria de 2016.
Iannone, no entanto, foi preterido pela direção da Ducati em uma disputa com seu xará Andrea Dovizioso para 2017. O piloto, então partiu para a Suzuki onde conquistou apenas quatro pódios, deixando a equipe no final de 2018. A temporada de 2019 havia sido a primeira de duas na Aprilia. Sua melhor posição de chegada foi um sexto no GP da Austrália.