Todos os anos, o designer da Ducati, Gigi Dall’Igna, surpreende os adversários com novos recursos técnicos inovadores. Nos Testes de Sepang, eles causaram um novo rebuliço com um dispositivo que regula a altura da motocicleta na parte dianteira.
Chamado oficialmente de Front Ride Height Device (FRHD), o dispositivo permite que os garfos da suspensão dianteira sejam abaixados durante a pilotagem através de um interruptor operado manualmente pelo piloto. Com uma altura mais baixa, a motocicleta ganha em estabilidade.
A Ducati já vinha utilizando um sistema que regula a altura da parte traseira há dois anos, o que foi copiado por todas as demais equipes, mesmo com fortes protestos. No entanto, o FRHD está dentro do regulamento porque o sistema não é operado eletronicamente na frente, mas mecanicamente.
“É claro que não sei exatamente como o FRHD funciona na Ducati, mas nos regulamentos atuais é possível construir um ‘Dispositivo de Altura Frontal’ legal. Então, presumo que a peça da Ducati é legal“, disse Sebastian Risse, diretor técnico da equipe KTM em entrevista ao Speedweek.
A engenhosidade de Gigi Dall’Igna está um passo à frente da concorrência quando se trata de encontrar brechas no regulamento técnico. Foi ele que trouxe novamente as asas aerodinâmicas para a MotoGP em 2015 e depois as capas de rodas, conhecidas pelas bicicletas de corrida usadas no ciclismo profissional.
Mais recentemente Dall’Igna inaugurou o “holeshot device“, dispositivo de largada que vem do motocross e trava a suspensão até a primeira curva para evitar empinadas excessivas. Seguiu-se o spoiler da roda traseira, que logo passou a ser conhecido como “colher” e é usado para resfriar o pneu traseiro.
Tudo isso tornou a Ducati – que por anos foi considerada a moto mais difícil – na mais equilibrada de todo o grid. Tanto é que todo mundo quer, são oito unidades em ação. Por outro lado, as invenções de Dall’Igna promovem o aumento dos custos, uma batalha que a Dorna trava desde 1992.
O assunto também será discutido na Comissão dos Grandes Prêmios (composta por dirigentes da Dorna, FIM, IRTA e MSMA) até o GP do Catar, no dia 6 de março. Até agora nenhuma solução está à vista, porque ninguém pode impedir a Ducati de usar o FRHD.