No próximo domingo (20) as motocicletas mais velozes do planeta voltam às pistas de corrida para a primeira etapa da temporada 2016, no circuito de Losail, no Catar. Devido às mudanças no regulamento, as equipes precisaram mudar bastante coisa para esse ano.
Conforme já estava combinado desde 2014, o regulamento técnico da MotoGP passou pelas alterações mais profundas desde a entrada das motos de 1000cc em 2012. A fim de nivelar a categoria e baratear os custos cada vez mais elevados, a Dorna exigiu que todas as equipes passassem a correr com a ECU, (centralina eletrônica do motor) padronizada para todos os times.
Além do hardware, a entidade que regula e promove a categoria também fez com que eles utilizassem o mesmo software, muito menos sofisticado do que o dispositivo de fabricação própria que possuíam. Considerado por muitos como o ponto chave na performance das motos, as configurações avançadas do software próprio podiam influenciar diretamente no desempenho do motor e demais componentes.
Graças à isso, estão extintas aquelas diferentes categorias que corriam com diferentes pneus e regulamentos no ano passado. Todas as motos correrão pensando nas mesmas regras, o que é um alívio para todos. Ficou muito mais simples de acompanhar.
Outra grande mudança foi no fornecedor de pneus. Depois de nove anos de bons serviços, a Bridgestone saiu de cena, levando consigo os excelentes pneus Battlax. Em seu lugar voltou uma velha conhecida, a Michelin. O aro das rodas foi levemente alterado, passando de 16,5 para 17 polegadas, como nas motos de rua.
A Michelin vem realizando testes com a categoria desde o ano passado. Apesar de ter recebido muitas críticas nos primeiros meses, a marca francesa vai, aos poucos acertando os passos, ouvindo o conselho das equipes. Nos testes de inverno o desempenho já estava muito próximo ao registrado no ano passado, com a Bridgestone.
Apesar do clima de contenção de custos, o grid da MotoGP acabou encolhendo do mesmo jeito. Em 2016, não teremos a presença da Forward Racing que, depois dos sucessivos escândalos de seu dono Giovanni Cuzari no ano passado se viu obrigada a tirar o time de campo, indo para o mais acessível World Superbike.
O mesmo destino teve a pequena Ioda Racing, que levou embora Alex De Angelis, sobrevivente de um grande acidente nos treinos para o Grande Prêmio do Japão do ano passado. Outro que irá competir no World Superbike é o simpático piloto checo Karel Abraham. Sua equipe própria, a AB Racing encerrou as atividades.
Movistar Yamaha MotoGP
Pilotos: Valentino Rossi (46) e Jorge Lorenzo (99)
Moto: Yamaha YZR-M1 (2016)
Os campeões do mundo tem tudo para continuarem sendo a equipe dominante em 2016. Pelos resultados vistos nos testes de inverno, a M1 parece ter sido a moto que mais “gostou” das mudanças nas regras, se adaptando perfeitamente à centralina padronizada e aos pneus Michelin. As dificuldades vão ser de outra natureza.
O grande problema da Yamaha são seus pilotos, Valentino Rossi e Jorge Lorenzo. Eles simplesmente se odeiam e o polêmico final da temporada passada só serviu para aumentar esse clima de desgosto que é evidente entre ambos. Não tenha dúvidas de que um vai correr para vencer o outro e isso pode acabar prejudicando o time em relação à Honda.
Repsol Honda Team
Pilotos: Marc Márquez (93) e Dani Pedrosa (26)
Moto: Honda RC213V (2016)
Depois de um domínio avassalador em 2014, a Honda teve uma forte queda em 2015, vencendo apenas metade das provas no ano anterior. O grande problema foi a instabilidade da RC213V, nervosa nas curvas e excessivamente potente nas retas, um problema que não conseguiram resolver: na metade do ano passado, os japoneses apelaram para um chassi híbrido.
Pelos resultados dos testes o calvário continua, agora com o agravante de não contar mais com o próprio software para controlar a potência de forma eletrônica. Apesar dos problemas, eles contam com uma dupla de pilotos claramente mais coesa. Marc Márquez é o líder indiscutível e Dani Pedrosa um fiel escudeiro.
Ducati Team
Pilotos: Andrea Iannone (29) e Andrea Dovizioso (04)
Moto: Ducati GP16 (2016)
A Ducati entra em 2016 sedenta por uma nova vitória, o que não acontece há muito tempo, desde o GP do Japão de 2010 com Casey Stoner. Para isso, eles trouxeram de volta justamente o australiano, que exercerá a função de piloto de testes e embaixador da marca.
Apesar de apresentar um sólido desempenho, ainda falta algo para a Ducati brigar pela vitória, pelo menos nessa fase inicial. Os testes mostraram que a nova Desmosedici GP16 faz tempos semelhantes a os da GP15 e até piores em relação à antiga GP14, que ainda é usada por algumas equipes. Isso significa muito trabalho para a “dupla dinâmica”, Andrea Iannone e Andrea Dovizioso.
Team Suzuki Ecstar
Pilotos: Maverick Viñales (25) e Aleix Espagaró (41)
Moto: Suzuki GSX-RR (2016)
A temporada de retorno da Suzuki à MotoGP foi melhor do que a encomenda. Conquistaram uma pole position (na Catalunha) e sempre andaram no pelotão da frente. A expectativa para 2016 é ainda maior porque o modelo GSX-RR está com um motor mais forte (o grande problema do ano passado) e com uma caixa de câmbio “seamless” (sem costuras) o que os deixam em condições de igualdade perante Honda e Yamaha.
A dupla de pilotos é a mesma, com Aleix Espargaró e Maverick Viñales. O espanhol foi a grande estrela dos testes, marcando a volta mais rápida em Phillip Island e ficando entre os três melhores em Losail. O piloto de 21 anos está animadíssimo e pode surpreender na primeira etapa.
Aprilia Racing Team Gresini
Pilotos: Álvaro Bautista (19) e Stefan Bradl (6)
Moto: Aprilia RS-GP (2016)
O primeiro ano da Aprilia em seu retorno à MotoGP foi conturbado. A moto era lenta, desajeitada e ainda precisaram lidar com uma troca de piloto no meio da temporada. Saiu o desmotivado Marco Melandri e chegou o talentoso Stefan Bradl, que logo cativou a todos com sua velocidade.
Isso deu uma lufada de ar fresco à Aprilia, que tratou de criar uma motocicleta nova a partir de uma folha em branco. A nova RS-GP não tem nada em comum com a antiga, exceto a configuração básica: chassi em dupla trave de alumínio e motor de quatro cilindros em V. Os testes foram inconclusivos, mas o time está esperançoso em alcançar as equipes de fábrica até o final do ano.
Monster Yamaha Tech3
Pilotos: Pol Espargaró (44) e Bradley Smith (38)
Moto: Yamaha YZR-M1 (2015)
O time de Herve Poncharal não mudou praticamente nada para 2016. Mantiveram-se os patrocinadores, os pilotos (Bradley Smith e Pol Espargaró) e o maquinário. Eles utilizarão as mesmas Yamaha YZR-M1, que foram campeões em 2015.
Curiosamente, os resultados nos testes foram aquém do esperado. Tanto Smith quanto Espargaró rodaram sempre um segundo atrás da equipe oficial e as expressões nos boxes eram de confusão. Eles vão achar o caminho, mas devem ser figurantes na primeira etapa.
LCR-Honda
Piloto: Cal Crutchlow (35)
Moto: Honda RC213V (2016)
Outrora principal equipe satélite da Honda, a LCR precisou encolher novamente para sobreviver, com sérios problemas financeiros. Em 2016, eles terão apenas uma moto, para o britânico Cal Crutchlow e patrocinadores que mudarão de corrida para corrida.
Além de tudo, a LCR terá a dificuldade extra de aprender a lidar com a Honda RC213V, já era difícil em 2015 e ainda não acertou o passo em 2016. Apesar disso, o sempre veloz Crutchlow marcou tempos competitivos, enquanto permanecia equilibrado na moto (o que nem sempre acontece).
Estrella Galicia 0,0 Marc VDS
Pilotos: Esteve Rabat (53) e Jack Miller (43)
Moto: Honda RC213V (2016)
Se a LCR encolheu, a Marc VDS se expandiu. No ano passado, eles contavam apenas com uma moto para Scott Redding. Agora, terão duas RC213V de fábrica, para o espanhol Esteve ‘Tito’ Rabat e o australiano Jack Miller que, inclusive, veio diretamente do time de Lucio Cecchinello.
A equipe do bilionário belga Marc Van Der Straten tem uma estrutura de fazer inveja a todo time satélite e ganhou a primazia de ser a favorita da Honda para essa temporada. Contudo, os resultados nos testes foram tímidos, com Miller e Rabat ocupando apenas posições secundárias. Quando conseguirem transformar o potencial em resultados vão chamar atenção.
Octo Pramac Yakhnich
Pilotos: Danilo Petrucci (9) e Scott Redding (45)
Moto: Ducati Desmosedici GP15 (2015)
A Pramac-Racing é a principal equipe satélite da Ducati e por isso irá correr com a Desmosedici GP15, do ano passado. A principal mudança foi entre os pilotos. Saiu Yonny Hernandez e entrou Scott Redding, que terá como companheiro o veloz italiano Danilo Petrucci, em sua segunda temporada pelo time.
Nos testes, tanto Petrucci quanto Redding marcaram bons tempos, principalmente o britânico, que não escondeu sua rápida adaptação à GP15. O piloto italiano, no entanto, sofreu um forte acidente em Phillip Island fraturando a mão direita e será substituído na primeira etapa por Michele Pirro.
Avintia Racing
Pilotos: Hector Barberá (8) e Loris Baz (76)
Moto: Ducati Desmosedici GP14.2 (2014)
A Avintia foi a equipe satélite a encerrar os testes pré-temporada com o astral mais alto, porque mesmo contando com uma Ducati GP14.2 (de 2014), eles estiveram sempre entre os primeiros colocados, muitas vezes andando mais rápido do que o time oficial, com a GP16! O clima de alegria ficou evidente na apresentação realizada nas montanhas geladas de Andorra.
O responsável pelas voltas mais rápidas foi Hector Barberá, piloto com fama de brigão, mas que pode ser muito veloz quando está focado. O espanhol terá a companhia de Loris Baz, francês que trocou a Aspar pela Avintia e parece ter feito uma boa decisão. A missão é clara: marcar o maior número de pontos possíveis e desbancar a Pramac da condição de melhor satélite com motos Ducati.
Aspar Team MotoGP
Pilotos: Eugene Laverty (50) e Yonny Hernandez (68)
Moto: Ducati Desmosedici GP14.2 (2014)
O time de Jorge “Aspar” Martinez foi outro a trocar a Honda pela Ducati nessa temporada. Eles utilizarão modelos GP15 fazendo com que oito motos da marca italiana alinhem no grid, quase a metade do pelotão. Nessa fase de transição, a única coisa que não mudou foram os resultados, que permaneceram os mesmos.
Depois de uma mediana temporada de estreia, Eugene Lavery agora é encarado como piloto principal da Aspar. O britânico terá a companhia de Yonny Hernandez, que traz da Pramac o feedback com motos Ducati para ajudar no desenvolvimento. O colombiano entra no lugar de Nicky Hayden, que foi para o World Superbike.