Mesmo sendo vice-campeão e o melhor piloto da Yamaha em 2020, Franco Morbidelli precisa encarar a temporada 2021 com uma moto dois anos mais velha em relação aos outros pilotos da marca, inclusive seu companheiro de equipe, Valentino Rossi. Mas a paciência do italiano parece estar se esgotando. Entenda o caso aqui.
Após ter voltado das etapas no Catar apenas com uma 18º e uma 12º posição, Morbidelli tinha esperanças de estar novamente entre os líderes no GP de Portugal, como havia feito na etapa de encerramento de 2020, apenas seis meses antes. Entretanto, o piloto da Petronas precisou lutar muito para largar em 5º e chegar em 4º aproveitando-se dos abandonos de Alex Rins (Suzuki) e Johann Zarco (Pramac).
A vitória ficou com Fabio Quartararo com a Yamaha YZR-M1 2021 de fábrica que era de Valentino Rossi até o ano passado. O eneacampeão, por sua vez, ocupa a vaga do francês na Petronas, mas, graças a sua condição de lenda da motoGP, conta o benefício de também possuir uma M1 2021. Enquanto isso, Morbidelli segue com o modelo 2019, que utilizou no ano passado.
Rossi e Morbidelli são grandes amigos e o italiano também é veiculado à academia VR46, mas já não consegue esconder o descontentamento com a situação. Após o treino classificatório no sábado em Portugal, o italiano admitiu à imprensa que esta situação “é algo que me incomoda, não deveria ser escondida”.
De acordo com Morbidelli, Quartararo, Viñales e Rossi “são capazes de usar melhor os pneus e têm um pouco mais do que eu para fazê-los funcionar melhor e têm mais velocidade. Os outros pilotos Yamaha aguentam mais vantagem dos pneus e tiram um pouco mais deles, pelo menos tento ser consistente“. A Yamaha parece ter dado um grande passo a frente com a M1 2021, o que não aconteceu com a 2020.
A situação de Morbidelli foi um dos assuntos do colunista do GPone, Paolo Scalera em um podcast que contou com a presença do manager Carlo Pernat e de Paolo Ciabatti, gerente da equipe Ducati. A resposta oficial, contudo, não demorou a chegar e veio do porta-voz da Yamaha, William Favero, que deu uma explicação.
“Essa não é uma decisão da Yamaha, mas sim da Petronas: demos-lhes o que pagaram“, disse Favero. “Teríamos ficado felizes em oferecer uma moto de fábrica à Morbidelli, mas ele não é um piloto oficial da Yamaha. Ele não é um dos nossos pilotos contratados, como são Johann Zarco e Jorge Martin na Pramac Ducati. Então a moto que foi solicitada – e paga – foi entregue“.
Ficou sem resposta se a M1 2021 de Rossi é cedida pela Yamaha ou precisou ser paga pela Petronas, o que explicaria a situação de Morbidelli, o elo mais fraco dessa corrente de negociações. Mas a marca de Iwata já é conhecida por não ter muita consideração por suas equipes satélites. Esse, inclusive, teria sido um dos motivos da saída da Tech3, que agora disponibiliza uma KTM de fábrica idêntica ao time oficial.
De qualquer forma, é uma situação amarga para todas as partes envolvidas: para a Petronas que penalizou o seu melhor piloto; para a Yamaha que lavou as mãos sobre o assunto; e até para Rossi que, sem querer, acabou prejudicando um amigo querido. Algo que pode trazer novos desdobramentos nos próximos meses.