Um médico da Universidade de Melbourne, na Austrália quer que as motocicletas tenham, obrigatoriamente, um dispositivo eletrônico que aciona os freios sem a interferência do piloto. Ele alega que a medida reduziria os acidentes.
O Dr. Giovanni Savino, pesquisador do Centro de Investigação de Acidentes da Universidade Monash, em Melbourne, fez a recomendação controversa para introduzir sistemas automáticos de frenagem em motocicletas durante uma conferência internacional de segurança em Munique, Alemanha.
Trabalhando em conjunto com especialistas da Suécia e Itália, Savino e seus colegas estudaram mais de 200 acidentes com motos na Austrália e na Europa entre 2009 e 2014. Eles acreditam que sistemas automáticos de frenagem em motos teriam o mesmo benefício em segurança rodoviária dos carros, minimizando o risco de ferimentos ou morte em pelo menos um terço dos acidentes graves.
“Sensores na frente da motocicleta (que escaneia a estrada à frente e detecta o tráfego em movimento parado ou lento) pode levar a desaceleração, mesmo que o piloto não reaja. O sistema é projetado para executar a frenagem ótima, alcançando assim a desaceleração máxima, mesmo quando o piloto realiza um mal executado, a frenagem de pânico.” (Giovanni Savino)
Entretanto, há controvérsias. Robert McDonald, gerente de pesquisa de motocicletas para a Swann Seguros e motociclista há 40 anos, acha que a medida não traria muito efeito e pede para que freios anti derrapantes (ABS) se tornem uma obrigatoriedade na Austrália e no resto do mundo.
“Nossa primeira prioridade deve ser a obrigatoriedade freios antiderrapantes (para motos e scooters), que trabalha em uma faixa de rotação muito mais ampla e, portanto ajudar a evitar uma gama muito maior de acidentes. Esse sistema também é particularmente eficaz em ajudar pilotos novatos evitar o bloqueio da roda dianteira em uma parada de pânico, que provoca uma série de acidentes evitáveis.” (Robert McDonald)
Os sistemas de frenagem automática apareceram pela primeira vez em carros em 2009. Projetado para trabalhar em trânsito lento até 50 km/h, uma combinação de câmeras, lasers e radares podem detectar um veículo parado à frente, e depois pisar no freio, se o motorista está distraído.
McDonald não descarta seu uso, mas acredita que o sistema ainda precisa evoluir muito: “Sem dúvida, em 10 anos, pode haver um sistema de frenagem automática de emergência adequado para motocicletas” disse. “Mas por agora, os fabricantes de motos e scooters precisam fornecer o direito básico, ou seja, freios antiderrapantes”, concluiu.
O ABS em motos se tornará obrigatório em todo o território europeu a partir de 2016. Entretanto, na Austrália, (assim como no Brasil) apenas 10% das motos vendidas no mercado possuem o sistema.