Quando Jorge Lorenzo fala, a polêmica é certa. E não foi diferente na última entrevista que ele concedeu, onde disparou para todos os lados, desde Valentino Rossi, Pecco Bagnaia, Marc Márquez e até o seu o próprio pai: “era um hitlerista total”.
Lorenzo, que atualmente é empresário e comentarista de MotoGP, falou no podcast de Jordi Wild. Foi um bate-papo bastante longo, de três horas, do qual relatamos alguns trechos interessantes, a começar pela difícil relação com seu pai, o treinador de pilotos Chico Lorenzo. Temos também algumas palavras ditas por em seu canal no YouTube, “A vida é difícil”.
“Ele [seu pai] era um hitlerista, um hitlerista total. Ele já está com 64 anos, não vai mudar. Já tivemos dois ou três períodos em que não nos falamos. A última data de alguns meses atrás: ficamos dois ou três anos sem nos falar“, revelou Lorenzo. “Ele nunca tirou férias, só pensa em motos, motos, motos, só me pergunta de corridas, de motos… um pai deve perguntar da vida, das meninas, das férias.”
“Quando eu tinha 10 anos meus pais se separaram, não sei por que isso aconteceu. Os juízes deram a mim e à minha irmã, que era 5 anos mais nova, a oportunidade de escolher se ficaríamos com o meu pai ou com a minha mãe. Minha irmã foi com minha mãe. ‘O que eu faço agora?’, pensei, ‘se for com minha mãe terei mais carinho, mas se for com meu pai posso ser campeão mundial’. Então optei por tentar ser campeão mundial. Foi uma decisão vital, foi a minha primeira decisão importante.“
Lorenzo também relembrou o turbulento relacionamento com Valentino Rossi, da qual foi companheiro de equipe na Yamaha em duas ocasiões: entre 2008 e 2010 e novamente entre 2013 e 2016, quando, segundo o espanhol, Valentino voltou ‘com o rabo entre as pernas’ para ser o segundo piloto.
“Quando o Rossi trocou a Yamaha pela Ducati ele saiu por ciúme, porque em 2010 ganhei o meu primeiro campeonato mundial, e por ciúme ele disse à Yamaha, ‘ou o Lorenzo ou eu’. A Yamaha respondeu: ‘queremos que você fique, mas se você nos forçar a escolher, terá que sair.’ Por orgulho ele foi para a Ducati, teve duas temporadas terríveis e nós continuamos muito bem“, lembrou Lorenzo.
“Ele regressou com o rabo entre as pernas, ganhando muito menos, aceitando publicamente que era o segundo piloto, que o Lorenzo foi bicampeão mundial e que veio aprender comigo”, continuou. “Depois ele ficou mais forte e assumiu o controle da equipe, e ficamos 50 e 50%. Então começamos a nos odiar novamente. Mas agora que estamos aposentados, ele me liga do seu rancho, está muito melhor“, esclarece.
Na condição de comentarista de MotoGP, Lorenzo assistiu ao emocionante duelo ocorrido entre Pecco Bagnaia e Marc Márquez nas últimas voltas do GP da Espanha, no fim de semana passado. Para o pentacampeão, Márquez venceria em uma Ducati GP24.
“Pecco estava em 95%, mas quando Marc chegou e o ultrapassou ele extraiu os 5% que faltavam“, opina. “O que vi é que Marc, para acompanhar o ritmo do Bagnaia, teve que aplicar muita força de frenagem, aí com a GP24 ele teria vencido, certo que sim. Ele precisa da mesma moto que Pecco e Jorge Martin.“
Naturalmente, as expectativas estão elevadíssimas para o GP da França. Lorenzo já tem os seus favoritos para o circuito de Le Mans: “Bagnaia, Martin, Acosta. É um circuito que favorece muito a Ducati, mas é verdade que Márquez deve ser sempre considerado. Vai depender muito do tempo, se vai chover”. Em um vídeo do seu canal, ele elege o seu top 5 de todos os tempos: “Valentino Rossi, Marc Márquez, Giacomo Agostini, Mick Doohan e Jorge Lorenzo“, é claro.