Isolado em seu quarto de hotel em Dubai, Jorge Lorenzo passa boa parte do tempo conversando com jornalistas e fãs através da internet. Nos últimos dias, o espanhol teceu interessantes comentários sobre a rivalidade com Valentino Rossi e a disputa épica que tiveram no GP da Catalunha de 2009.
Os então companheiros de equipe na Yamaha passaram a corrida inteira trocando de posições até que Rossi decidiu a vitória a seu favor com uma ultrapassagem arriscada na última curva da última volta. Ao analisar a corrida onze anos depois, Lorenzo reflete que a sua falha se deveu à inexperiência.
“Uma parte de mim não esperava essa manobra, e outra parte esperava. Naquela época, eu estava muito rígido [em cima da moto] para fechar a porta, me assustava um pouco para mudar a trajetória que vinha fazendo durante toda a corrida, não sabia muito bem o que fazer e ele aproveitou a situação“, disse Lorenzo ao jornalista britânico Gavin Emmett. “Dois anos antes, ele fez uma manobra parecida com Casey Stoner, então sabia que poderia repetí-la porque já havia feito isso no passado. Então ele fez e eu perdi a vitória“.
Para Lorenzo, o que fez a diferença foi a capacidade de frenagem de Rossi: “Naquela época eu tinha 22 anos, não tinha a experiência que tenho agora. Valentino tinha 30 anos e era muito experiente, digamos que ele sempre freou melhor do que eu, ele freia mais tarde do que eu em circunstâncias normais. Com a Ducati eu finalmente entendi como frear tarde, mas naquele tempo ele fazia isso melhor do que eu e aproveitou”, acredita.
Por fim, Lorenzo reflete sobre as atitudes que o tornaram um personagem polêmico até os dias atuais: “Eu era muito irreverente, tanto na pista, com fora dela. Queria tudo o mais rápido possível e pensava que tudo era possível, não havia limites na minha cabeça“, relembra. “As três ou quatro primeiras corridas foram incríveis, e fiquei impressionado. Estava me sentindo muito natural na moto, por isso não tinha limites na minha cabeça com a minha velocidade e o meu talento. Fiz a pole na estreia, repeti na segunda e na terceira, fiz três pódios consecutivos e venci na terceira corrida“.
“Eu não tinha medo de ninguém, falava isso publicamente e as pessoas viam como algo arrogante, e sinceramente podia soar um pouco arrogante mesmo“, admite hoje. “Eu não mitificava Valentino e é claro que ele não aceitou muito bem, nem seus fãs nem o público em geral, que não estava acostumado a ouvir esse tipo de declaração, mas era o que eu pensava“.