Agora é oficial: Jorge Lorenzo irá pilotar uma Ducati nas temporadas de 2017 e 2018, recebendo cerca de 12 milhões de euros por temporada. O espanhol finalmente confirmou o acordo com a equipe italiana nessa segunda-feira (18), dias antes do Grande Prêmio de Jerez.
A confirmação da transferência põe fim a quatro semanas de intensa especulação, que começaram ainda dos treinos oficiais para a primeira etapa da temporada em Losail, no Catar. A Yamaha aproveitou a ocasião para definir de vez o seu futuro, oferecendo novos contratos a Lorenzo e ao seu companheiro de equipe e grande rival, Valentino Rossi.
Apenas Rossi aceitou a proposta, ganhando de imediato os holofotes da mídia e ofuscando de certa forma Lorenzo, o campeão reinante e que venceria a corrida. Na ocasião, o espanhol disse à mídia de seu país que não assinou porque havia recebido “a melhor proposta de todas”, instigando os jornalistas que imediatamente foram atrás de mais informações.
A proposta irrecusável era 24 milhões de euros por duas temporadas, o equivalente a quatro milhões e duzentos mil reais por mês, dinheiro fornecido pela Audi (atual detentora da Ducati) e pela Phillip Morris, patrocinadora e parceira da equipe. Ambos desejam que a marca volte a ser uma vencedora de corridas na MotoGP o mais breve possível.
Além do dinheiro, a Ducati ofereceu a Lorenzo o status de primeiro piloto e líder indiscutível da equipe, uma condição que não lhe é clara na Yamaha, onde precisa dividir as atenções com Rossi desde que começaram a competir juntos, em 2008. O espanhol teria confessado a amigos que o desafio de vencer com uma moto que o italiano não conseguiu ter sucesso foi uma de suas maiores motivações na nova empreitada.
A Yamaha emitiu um curto comunicado confirmando a saída de Lorenzo. Apesar de agradecer a colaboração do espanhol, a marca de Iwata não fez nenhuma menção de quem seria o seu substituto, afirmando que fará o anúncio no momento certo.
A Yamaha Motor Co Ltd anuncia que sua parceria com Jorge Lorenzo será descontinuada no final da temporada 2016 de MotoGP, quando Lorenzo vai buscar novos desafios. Desde que Lorenzo entrou para a Yamaha em 2008 ganhou três Campeonatos do Mundo de MotoGP (2010, 2012 e 2015), 41 vitórias e foi ao pódio 99 vezes em 141 corridas disputadas.
A Yamaha é extremamente grata pelas contribuições de Jorge em seus sucessos e aguarda a partilha de momentos ainda mais memoráveis durante as 15 etapas restantes da MotoGP em 2016, a sua nona temporada juntos.
A Yamaha Motor Co., Ltd. deseja à Lorenzo o melhor em seus futuros empreendimentos e reitera o pleno apoio da equipe Movistar Yamaha MotoGP em sua campanha para alcançar o seu quarto título de MotoGP.
Tendo já confirmado Valentino Rossi para 2017-18, a Yamaha vai anunciar o line up no devido tempo depois de garantir os serviços do segundo piloto.
Lorenzo e Yamaha: o fim de uma era
A confirmação do anúncio põe fim a uma era tumultuada, mas extremamente bem sucedida entre Lorenzo e a Yamaha. O espanhol e a marca dos diapasões assinaram seu primeiro contrato há quase dez anos, em 2007, quando o maiorquino ainda competia nas 250cc (hoje Moto2).
Na ocasião, a Yamaha procurava um substituto para Rossi, que parecia estar a caminho de competir na Fórmula 1 pela Ferrari, equipe pela qual havia realizado diversos testes e recebido propostas tentadoras. Lorenzo assinou com a marca dos diapasões em meados daquele ano, mas só entraria na MotoGP na temporada seguinte, para honrar o compromisso assinado anteriormente com a Aprilia, chefiada por Gigi Dall’igna, o atual diretor da Ducati.
Após ter sido bicampeão nas 250cc, Lorenzo estreou na MotoGP diretamente pela Yamaha oficial em 2008 marcando a pole position em seu GP de estreia. Na corrida, chegaria em segundo lugar, atrás do vencedor Casey Stoner. A primeira vitória não tardou a acontecer, no circuito de Estoril, Portugal.
A inimizade de Lorenzo com Rossi começou tão rapidamente quanto o seu sucesso nas pistas. O espanhol nunca demonstrou uma atitude de camaradagem para com o italiano, tratando-o desde o primeiro momento como grande rival e principal adversário a bater. A tensão chegou a tal ponto que a Yamaha foi obrigada a colocar uma espécie de ‘muro’ nos boxes, para que seus respectivos mecânicos não trocassem informações.
Apesar das tensões, Rossi conquistou mais dois títulos pela Yamaha em 2008 e 2009. O primeiro título de Lorenzo chegou com facilidade no ano seguinte, já que o italiano precisou se ausentar de algumas etapas devido a um acidente. A rivalidade era intensa, mas também ajudou a marca dos diapasões a ser a principal equipe da MotoGP durante esse período, com larga margem.
Depois de uma negociação milionária, Rossi foi para a Ducati em 2011, com o objetivo de transformar a equipe italiana em uma vencedora regular na MotoGP, assim como havia feito com a Yamaha sete anos antes. O eneacampeão, no entanto, não foi bem sucedido conquistando apenas um segundo lugar em Le Mans como melhor resultado. Agora será a vez de Lorenzo tentar o que pode dar a seus sucessos uma dimensão e importância ainda maior.