Iker Lecuona concorda com a nova idade mínima de 18 anos estabelecida para competir no Mundial a partir de 2023. O espanhol acha que os jovens pilotos recebem uma pressão demasiada, principalmente dos pais: “muitos acham que tem um Márquez ou Rossi em casa e não é assim”.
Lecuona sabe bem o que é isso. Considerado um fenômeno, o espanhol já estava competindo na Moto2 aos 16 anos e fez a sua estreia na MotoGP aos 19 anos. Após duas temporadas decepcionantes, com muitos acidentes na Tech3 KTM, Lecuona foi dispensado e em 2022 vai correr pela Honda no Mundial de Superbike.
“Se eu tivesse um filho não hipotecaria minha casa“, disse Lecuona citando casos de famílias que colocaram tudo a venda para comprar um lugar na Moto3. “Eu acho que os pais saem do controle, eles não sabem onde está o limite. Muitos pensam que têm um Márquez ou um Valentino em casa e não é assim. Cada um tem as suas possibilidades e se chega lá é porque pode. Claro que precisa de dinheiro, mas não por essa margem.“
“Acho que fazem bem [em aumentar o limite]. É um esporte muito bonito, mas tem um lado muito feio, é muito arriscado. É um dos esportes mais arriscados que há“, continuou Lecuona. “Crianças com 10 ou 12 anos estão em um grande circuito, com 13 pegam uma Moto3… eu acho exagero. Aos 12 anos você não sabe nada de vida ou sobre motocicletas. Você é uma criança, você gosta de se divertir, você pode ir mais ou menos rápido, mas eles realmente não têm noção do quão é perigoso.“
Lecuona aproveitou para citar um acidente na Moto2 em 2017 que o fez abrir os olhos para os perigos das pistas: “tinha 17 anos e quebrei a clavícula esquerda, o pulso esquerdo e a vértebra C7, queria deixar o Mundial porque passei muito mal“, se lembra. “Acho que que foi uma forma de avisar aos pais que tem que se acalmar e as equipes que não podem usar os pilotos como quiserem e não precisam subir tão rápido quanto estão fazendo agora“, acha.
Na semana passada, a FIM determinou que idade mínima para correr nas categorias de acesso passará de 14 para 16 anos e no Campeonato Mundial (Moto3, Moto2 e MotoGP) para 18 anos. A iniciativa tenta frear o excesso de ambição dos pais e de agressividade dos pilotos. Três já faleceram esse ano em circunstâncias parecidas.