O domínio avassalador de Alvaro Bautista e da Ducati no Mundial de Superbike já faz os executivos da Kawasaki Heavy Industries se reunirem em Akashi, no Japão. A solução da marca japonesa para conter a máquina vermelha seria criar uma Ninja ZX-10RR ainda mais extrema para 2020.
Desde que deixou a MotoGP em 2009, a Kawasaki se estabeleceu como uma das marcas mais bem sucedidas do Mundial de Superbike, conquistando pela primeira vez o título em 2013 com Tom Sykes e desde 2015 de forma ininterrupta com Jonathan Rea.
Isso foi conseguido graças a grandes investimentos, os maiores da categoria, em seu modelo de produção regular, a Ninja ZX-10R, que depois resultariam na ZX-10RR, modelo de homologação derivado direto da máquina que dizimou a concorrência nas pistas.
Esse ano, no entanto, a história está sendo diferente. Graças à chegada de Alvaro Bautista e da novíssima Ducati Panigale V4 R, uma descendente direta da Desmosedici GP15 de MotoGP, a marca de Bolonha venceu todas as 11 primeiras corridas do ano e não dá sinais de que isso irá parar nos próximos meses.
De acordo com uma reportagem exclusiva do Speedweek, o Diretor de Competição da Kawasaki, Ichiro Yoda já está ciente de que será necessário mais do que uma simples evolução para vencer a Ducati. Algo como uma nova motocicleta, mais extrema e revolucionária.
“Vencer a Ducati nesta temporada é difícil“, disse Yoda. “O motor deles vem da MotoGP, todo o seu pacote é da MotoGP. Esta é uma moto de MotoGP com pneus Pirelli. Mesmo se tivéssemos permissão para usar peças de concessão, estaríamos limitados. Com as peças de concessão homologadas não podemos alcançar o desempenho da Ducati. Nós não seríamos capazes de alcançar sua velocidade“, admite.
A solução, para Yoda é apenas uma: construir uma moto nova. “Temos que pensar numa moto do tipo MotoGP. Uma moto extrema que produziríamos em números limitados. Para a Kawasaki, é fácil construir 500 dessas motos. Mas tenho dúvidas sobre essa direção. Isto está certo ou não? Para 2015, os custos foram reduzidos, o desempenho, portanto, foi menor. De 2014 a 2015, nossos motores perderam 20 cv – o desempenho da Ducati foi o mesmo com o V-Twin“, relembra.
Yoda disse que seguir nessa direção vai na contramão às medidas de contenção de custos que tem sido aplicadas nos últimos anos. “A Dorna tem que repensar em qual direção quer ir com seu campeonato. Eles queriam mais motos no grid, então reduziram os custos para aliviar as equipes privadas. E agora tudo mudou com a chegada desta Ducati”, acredita.
“Devemos seguir a direção deles ou nos ater à ideia original?” Indaga. “Na história do campeonato, as motos sempre eram baseadas em modelos de produção, que estavam disponíveis a um preço razoável“. A Panigale V4 R é a única moto no grid comercializada no limite máximo de 40 mil euros.
Yoda diz que se a Kawasaki decidir seguir os passos da Ducati não encontrará muitas dificuldades: “Temos muita experiência da MotoGP com motores potentes de quatro cilindros, o que é fácil para nós“, garante. “Internamente, a Kawasaki pensa que, se a Ducati continuar com esta moto na próxima temporada, precisamos de uma máquina como essa. Nós não estamos no campeonato apenas para estar lá“, assegurou.
E o que Jonathan Rea pensa a respeito disso? “Ele entende a situação“, afirma Yoda. “A Ducati trouxe uma MotoGP que é conduzida por um piloto de MotoGP. Vencer esse pacote não é assim tão fácil“, reconhece. “Bautista é um bom piloto, que colocava uma MotoGP antiga no Top 6. Se trouxermos uma motocicleta com um conceito semelhante, poderemos vencê-los“.