A Honda e o Red Bull Group anunciaram, no início do mês, um programa de cooperação focado em atividades do automobilismo. Em uma mudança operacional, todas as atividades de quatro rodas passarão agora a atuar sob o guarda chuva da HRC.
Conforme anunciado no ano passado, a Honda vai deixar de fornecer motores à equipe Red Bull de Fórmula 1 ao término dessa temporada. O time, no entanto, pretende aproveitar os recursos humanos e conhecimento técnico adquirido e agora tem direito de usar a propriedade intelectual da marca japonesa.
A Honda apoiará a Red Bull na construção do conjunto motriz para 2022 e também fornecerá suporte de operação em pista e corrida, do Japão, durante a temporada. Além disso, as duas partes continuarão a trabalhar juntas em seus respectivos programas de jovens pilotos, com o objetivo final de atrair mais pilotos japoneses para o automobilismo.
Todas essas atividades passam a atuar sob o guarda-chuva da Honda Racing Corporation, a mesma empresa que gerencia a MotoGP, o Mundial de Motocross (MXGP), a divisão de Rali (Dakar) e, mais recentemente, o Mundial de Superbike (WorldSBK). O objetivo da Red Bull é fabricar tanto o chassi quanto o motor na F1.
“A colaboração da Red Bull com a Honda tem sido um enorme sucesso e, embora nosso relacionamento na Fórmula 1 esteja mudando, nenhum de nós deseja que seja o fim da história“, disse o Diretor da equipe Red Bull, Christian Horner. “Estamos muito satisfeitos que nosso ambicioso e empolgante projeto Red Bull Powertrains será fortemente apoiado pela Honda, técnica e operacionalmente, em 2022 e isso ajudará a garantir que a transição da Red Bull para o status de fabricante de chassis e unidade de força seja perfeita.“
“Estou feliz por termos chegado a um acordo com o Red Bull Group cobrindo todos os detalhes dos direitos de propriedade intelectual da F1 Power Unit e, desta forma, a Honda ainda pode contribuir para o mundo do automobilismo“, disse o Diretor de Operações da Honda, Koji Watanabe. “Agora estamos trabalhando duro para fortalecer a estrutura da HRC, para garantir que nossos fãs possam continuar a desfrutar do papel da Honda em todos os tipos de esportes motorizados.”
No que concerne o motociclismo, esse aumento na carga de trabalho da HRC e estreitamento de relações com a Red Bull pode ter desdobramentos futuros. Já se fala há algum tempo que a Repsol poderia deixar de ser o principal patrocinador da equipe de MotoGP, substituída pela Red Bull. Isso só não aconteceu ainda porque a empresa também está comprometida com os seus conterrâneos austríacos da KTM.
Da mesma forma, é possível que, com o aumento na carga de trabalho, o leque de operações da HRC sofra algum revés, ou diminuição no orçamento, como no Rali Dakar, onde já atingiu sua meta de voltar a vencer (o que não acontecia desde 1989) ou no WorldSBK, onde a volta ao topo tem se mostrado mais difícil do que o previsto.