Duas das maiores novidades do Salão de Milão, a Honda Transalp 750 e Suzuki V-Strom 800DE estarão à venda na Europa em 2023 e a chance de virem ao Brasil é grande. Então que tal darmos uma olhada nas especificações de cada uma?
Ambas são bastante semelhantes. Não em termos de design, já que cada uma conseguiu criar uma cara própria bem independente e marcante. Conceitualmente, porém, são muito próximas, com motor de dois cilindros em linha, suspensões de curso longo e rodas raiadas de 21 polegadas na dianteira.
Honda e Suzuki chegaram à mesma conclusão a respeito do motor. Tanto a Transalp quanto a V-Strom anterior tinham propulsores de dois cilindros em V, arquitetura que foi abandonada em virtude de um moderno bicilíndrico em linha com virabrequim a 270º, assunto detalhado melhor aqui.
Mas ao contrário do que se possa parecer, não há uma diferença de 50 cm³ entre a Transalp 750 e a V-Strom 800. São apenas 21 cm³. O gêmeo da Honda tem 755 cm³ e o da Suzuki 776 cm³, com diâmetro x curso de 87 x 63,5 mm e 84 x 70 mm, respectivamente.
O motor da Suzuki tem duplo comando de válvulas no cabeçote, quatro válvulas por cilindro e taxa de compressão mais alta (12.8:1). O Honda também tem quatro válvulas por cilindro, mas apenas uma árvore de cames no cabeçote e uma taxa de compressão mais moderada (11,0:1).
A potência declarada, no entanto é paradoxalmente inversa: a Transalp entrega 92 cv a 9.500 rpm e a V-Strom 84 cv a 8.500 rpm, uma diferença notável de 8 cv. Note, entretanto, que a Suzuki chega ao pico mais cedo, algo significativo nesse segmento onde o torque conta bastante.
E por falar em torque, o da Suzuki é maior: 78 Nm a 6.800 rpm contra 75 Nm a 7.250 rpm da Honda, novamente disponíveis mais cedo. Na prática essa diferença se torna pequena, mas pode ser decisiva na hora da compra. O consumo é semelhante: 4,4 litros por 100 km de acordo com o padrão WMTC.
Os chassis são construídos da mesma maneira: estrutura do tipo Diamond de tubos de aço soldados, com garfos telescópicos invertidos Showa na dianteira e braço oscilante de alumínio com suporte de amortecedor em balancins progressivos na parte traseira.
A compressão e o rebote podem ser completamente ajustados na Suzuki, tanto na frente e atrás. A Honda, por outro lado, é regulável apenas a pré-carga em ambos os eixos, anda que de forma remota no amortecedor traseiro, ou seja, sem a necessidade de uma ferramenta.
No curso das suspensões, a Transalp flexiona menos: 200 mm na dianteira e 190 mm na traseira, com a V-Strom “viajando” 220 mm na frente e atrás. Isso resulta em uma altura do assento de 850 mm e 855 mm, respectivamente. Detalhe sutil: o subchassi, é soldado na Honda e aparafusado na Suzuki. Se o pior acontecer, isso pode ser determinante.
Parece que a Transalp é ligeiramente mais comportada que a V-Strom, mas uma surpresa acontece quando olhamos as medidas da roda traseira: 150/70-17 na Suzuki, e 150/70-18 na Honda, ou seja, um pouquinho mais “enduro raiz”. Ambas vêm com aros de alumínio e pneus com câmara.
Nos freios, a Transalp conta com dois discos 310 mm e pinças de dois pistões dianteira e um disco de 256 mm com pinça de pistão único na traseira. É quase exatamente igual na V-Strom, só que o disco do freio traseiro é um pouquinho maior (260 mm).
As dimensões gerais revelam motos quase idênticas: distância entre-eixos de 1.560 milímetros e ângulo da coluna de direção de 63 graus na Transalp; entre-eixos de 1.570 mm e ângulo de direção de 62º na V-strom. Até a trilha é quase a mesma: 111 mm Honda, 114,3 mm na Suzuki.
A maior diferença aqui está no peso: a Honda diz que sua moto pesa 208 quilos e a Suzuki 230 kg. A medição é feita com tanque cheio, com a Transalp colocando 16,9 litros em seu compartimento e 20 litros na V-Strom, mais pesada, porém com maior autonomia.
Ambas contam com uma tela TFT de 5 polegadas, vários modos de condução (inclusive Off-Road), ABS e controle de deslizamento da roda traseira, mas só o painel da Honda tem conectividade Bluetooth. A Suzuki responde com um quickshifter bidirecional que a rival não tem.
O resto dos detalhes é difícil de explicar em palavras. Os compradores em potencial podem decidir individualmente o que é mais importante na prática. A Suzuki agrada nos detalhes como protetores de mão e de motor. A entrada USB da V-Strom fica no painel, na Transalp embaixo do banco.
Detalhe chato em ambas: a regulagem do para-brisa só pode ser feita através de uma ferramenta. Por que? Ninguém sabe. Há formas de fazer isso de forma mais prática. As duas também contam com acessórios opcionais de série, como malas de alumínio, entre outros.
As cartas estão na mesa e a decisão é puramente pessoal. É como escolher uma peça de roupa. O preço da Suzuki gira em torno dos 12 mil euros. A Honda ainda não anunciou o seu. E ainda há outros concorrentes de peso, como a Yamaha Ténéré 700 e BMW F850GS. Oh, vida cruel!