Você já sabe que a nova Honda África Twin terá o seu motor aumentado para 1.100 cm³, entre outras novidades. O que você ainda não sabe é que a marca japonesa trabalha em mudanças muito mais profundas no propulsor, como um inovador sistema de injeção direta.
A nova África Twin terá a cilindrada de seu motor aumentada em 86 cm³, o que deve elevar a potência para algo em torno dos 100 cv. Entretanto, não são esperadas mudanças na composição básica do bicilíndrico em linha, que manterá o mesmo comando de válvulas ‘Unicam’, com árvore de manivelas unica e injeção convencional.
A imprensa britânica, no entanto descobriu novos registros de patente relacionados à África Twin, que revelam uma versão muito mais radicalmente alterada do motor. No projeto, o propulsor contém um novo cabeçote com duplo comando e, principalmente, um sistema de injeção direta de combustível.
Leia também
Para 2020, Honda África Twin ganha nova versão “Adventure Sports”
Nova Honda África Twin deve ser maior e mais equipada, dizem os japoneses
Honda poderá lançar África Twin de 850cc para concorrer com BMW F850GS
Quem conhece um pouco de mecânica com certeza já ouviu falar da injeção direta. Isso significa que os bicos injetores disparam o combustível diretamente para a câmara de combustão e com uma pressão muito mais alta, o que otimiza a queima, reduz o desgaste dos componentes internos, consequentemente o consumo e as emissões.
Bem estabelecida entre os carros, a injeção direta tem sido difícil de aplicar nas motocicletas, graças a suas rotações mais elevadas. A norte-americana Motus V4 tentou utilizá-la, sem sucesso. A Bimota V-Due empregou-a como alternativa para acabar com as emissões dos motores dois tempos, mas a moto ficou com fama de problemática e nunca funcionou como deveria.
Adicionar combustível tão tarde no ciclo do motor, significa muito pouco tempo para ele atomizar e se misturar adequadamente com o ar no cilindro. Isso, em um motor de altas rotações, é um problema específico. A incapacidade de obter uma mistura adequada de combustível e ar é uma das razões pelas quais o Bimota V-Due não deu certo.
A Honda, contudo, parece ter contornado os problemas em sua nova patente adicionando uma bomba de combustível de alta pressão, descrita nas imagens pelos números 41 e 42. Ela é montada no topo do cabeçote e acionada pelo eixo de manivelas de exaustão. O combustível altamente pressionado então passa para um trilho (45) entre os bicos injetores (46), que são instruídos eletronicamente quando adicionar combustível aos cilindros.
Desde a introdução da Bimota V-Due em 1997, os motores à combustão percorreram um longo caminho de evoluções e a injeção direta não foi diferente. Hoje, a tecnologia está presente em uma ampla variedade de carros, desde o BMW M5 ao Volkswagen Up TSi e os carros de Fórmula 1. Talvez tenha chegado o momento de sua introdução no motociclismo.