Em um evento em Barcelona, na Espanha, a Honda apresentou na manhã dessa quinta-feira (11) a RC213V-S, versão de rua da moto campeã que compete na MotoGP. A superbike encerra 13 anos de expectativas sobre o projeto.
Exatamente às 11h da Catalunha, na Espanha (6h00 no Brasil), a Honda finalmente revelou oficialmente a RC213V-S, irmã gêmea da RC213V, protótipo avançado que a marca da asa utiliza no Mundial de MotoGP desde 2012.
A apresentação, feita a poucos quilômetros da sede da Repsol (parceira técnica da Honda nas pistas) contou com a presença dos pilotos, Marc Márquez, Dani Pedrosa, além de Shuhei Nakamoto, vice-presidente da HRC e outros técnicos do alto escalão da Honda. Nesse final de semana, acontece o GP da Catalunha, no circuito de Montmeló.
O coração da moto tem um motor de quatro cilindros em V, com 90 graus de inclinação. Ele é capaz de produzir cerca de 159 cv à 11.000 rpm, praticamente a mesma coisa que uma CBR1000RR Fireblade comum. Contudo, essa potência pode ser aumentada para 215 cv, através de um “kit de corridas” que a marca fornecerá.
O desenho da moto é muito similar à versão de MotoGP. As poucas diferenças visíveis são a inclusão de faróis e piscas, assim como uma rabeta, para a colocar a placa. Toda a iluminação é feita por leds. A pintura em vermelho, branco e azul tem a bandeira do Japão bem ao centro da carenagem, usando um layout muito parecido com a NS400R utilizada pelo norte-americano Freddie Spencer, nos anos 80.
“A nova RC213V-S não é apenas o resultado de um feedback de tecnologias criadas pela Honda por meio de sua participação em corridas em um modelo disponível no mercado, mas sim representa um esforço totalmente novo para tornar possível uma máquina desenvolvida para a MotoGP rodar em vias públicas.” (Comunicado à imprensa da Honda)
Uma história cercada de mistério e expectativas
A RC213V-S foi mostrada pela primeira vez ainda como protótipo no Salão de Milão, em novembro do ano passado. Na ocasião, enquanto a mídia se impressionava com a Kawasaki H2R, Yamaha R1 e Ducati 1299 Panigale, a Honda era muito mais discreta acerca do que estavam planejando.
Entretanto, apesar do sucesso e da curiosidade despertada em Milão, a Honda nunca confirmou oficialmente quando o lançamento aconteceria. Em janeiro, os japoneses chegaram a negar que moto seria produzida a curto-prazo, dando um ar de incerteza ao projeto. Contudo, indícios e evidências sobre a superbike nunca cessaram, e o Notícias Motociclísticas sempre monitorou a situação de perto.
O ponto de virada aconteceu no começo desse mês, quando foram descobertos registros de patentes para o nome RC213V-S. Até o logotipo estava pronto. Logo depois, a moto foi vista rodando com Hiroshi Aoyama na corrida “Asama Hill Climb”, no Japão para quem quisesse ver. Não havia mais como negar, que a superbike mais aguardada do novo milênio estava à caminho.
Semelhanças e diferenças
Como era prometido, a RC213V-S conta com muitas semelhanças em relação à sua irmã das pistas. Quadro (do tipo Diamond), tanque, bengalas (da Öhlins à gás), para-lamas, escapamento e rodas são virtualmente idênticos. No entanto, existem diferenças vitais.
As diferenças estéticas ficaram mais acentuadas na traseira, que precisou ser levemente modificada para receber uma rabeta, com lanterna, piscas e placa. No motor, a RC213V-S não possui o sistema de válvulas pneumáticas e o câmbio ultrarrápido (seamless), que garante troca de marchas sem intervalos.
O motor V4 de 999cc também recebeu importantes mudanças internas, principalmente nas bielas, que são de um material diferente. Os pistões também são outros, mais adequados à uma moto de estrada. O cárter também é diferente, em alumínio (na RC213V é de magnésio). A versão para as ruas também utiliza uma embreagem convencional.
O braço oscilante é outra parte que tem mantido o máximo da engenharia da máquina de MotoGP e é o mesmo design de alumínio. Este, porém, é 55 milímetros mais longo do que o de uma CBR1000RR Fireblade, para evitar empinadas não desejadas.
O peso a seco fica em 170 kg. Para o uso em pistas de corrida, retirando algumas partes, esse número cai para 160, apenas dois quilos à mais do que a RC213V de competição pesa. O escapamento é idêntico na forma, mas utilizando catalisador e silencioso, necessários para atender às normas de emissões de poluentes.
As rodas também são as mesmas, mas com 17 polegadas, enquanto a versão das pistas utiliza 16,5. Elas estão montadas em pneus Bridgestone RS10, medindo 120/70/17 na dianteira e 190/55/17 na traseira.
O bloqueio da direção foi aumentado de 15 para 26 graus, afim de tornar a RC213V-S mais manobrável em ruas e estradas. As pinças de freio são as mesmas Brembo, os discos porém são diferentes: nas corridas eles utilizam a peça em carbono, que só funciona bem quando exigido ao máximo. Por isso, nas ruas a moto tem convencionais discos de aço.
“A RC213V-S está equipada com todas as tecnologias de controle utilizados na RC213V. A RC213V consiste apenas em ter as peças necessárias para ganhar corridas, com base na ideia de mudar especificações conforme necessário para o piloto e a pista em questão. Para alcançar as especificações que fazem a RC213V-S possíveis para rodar em estradas públicas.“
Produção e preço
A Honda optou por fabricar a RC213V-S sob encomenda, conforme a demanda exigir. Apenas uma unidade será feita por dia, no coração da principal fábrica da Honda Motor Company, em Kumanoto, no Japão. Somente os técnicos mais renomados e capacitados cuidarão da linha de montagem, que será quase artesanal e muito semelhante à versão de MotoGP.
O preço definido é tão exuberante e chamativo quanto as características técnicas da RC213V-S. Nada menos do que 188 mil euros ou mais de R$ 655 mil reais, o que a torna a motocicleta de produção em série mais cara da história da Honda e também no atual mercado de superbikes. Se será um sucesso de vendas, só o tempo dirá. As encomendas começarão em 13 de julho.
A versão de rua da RC213V é aguardada há mais de dez anos, mais precisamente desde quando a MotoGP passou a utilizar motocicletas de quatro tempos em 2002. Naquele ano, a marca estava aposentando a vitoriosa NSR500, de dois tempos, para a entrada da então revolucionária RC211V, de 990cm³ e um insólito motor V5.
O sucesso foi imediato, vencendo o título daquele ano com Valentino Rossi. Outro se repetiu no ano seguinte. A moto continuou sendo aprimorada até 2006, quando o regulamento da categoria mudou: no ano seguinte, as motos passariam a ter apenas 800 cm³. Foi quando entrou em cena a RC212V, já com motor V4.
A segunda geração ficou em atividade até o final de 2011, vencendo o título daquele ano com Casey Stoner. Em 2012, no entanto, o regulamento mudou novamente, com as motos passando agora a terem 1000cc de capacidade cúbica. Para a nova era, a Honda desenvolveu a atual RC213V. O modelo mostrou-se um sucesso, vencendo os títulos de 2013 e 2014 com Marc Márquez.
Ficha Técnica
Modelo | RC213V | RC213V-S | RC213V-S (com Kit de competição) | |
Comprimento (mm) | 2,052 | 2100 | 2100 | |
Largura (mm) | 645 | 790 | 770 | |
Altura | 1,110 | 1120 | 1120 | |
Entre-eixos (mm) | 1,435 | 1465 | 1465 | |
Distância do solo (mm) | 115 | 120 | 120 | |
Altura do assento | – | 830 | 830 | |
Peso | 158 | 170 | 160 | |
Quantidade de ocupantes | 1 condutor | 1 condutor | 1 condutor | |
Ângulo mínimo de viragem (m) | – | 3.7 | 6.4 | |
Motor | V4, 16V, DOHC, refrigeração líquida | V4, 16V, DOHC, refrigeração líquida | V4, 16V, DOHC, refrigeração líquida | |
Capacidade cúbica | 999 | 999 | 999 | |
Diâmetro × Curso (mm) | – | 81.0×48.5 | 81.0×48.5 | |
Taxa de compressão | – | 13.0 | 13.0 | |
Potência máxima | Superior à237 cv | 159 cv à11000 rpm | Acima de 215 cv à 13000 rpm | |
Torque máximo kgf・m/rpm | – | 10.4 à 10500 | Acima de 12.1 à 10500 | |
Sistema de injeção de combustível | – | PGM-FI | PGM-FI | |
Acionamento | Mecânico | Próprio | Próprio | |
Ignição | – | Transistor, ignição por bateria | Transistor, ignição por bateria | |
Tanque de combustível | 20 Litros | 16.3 Litros | 16.3 Litros | |
Embreagem | – | Seca, multidisco | Seca, multidisco | |
Transmissão | – | Sequencial de 6 velocidades | Sequencial de 6 velocidades | |
Relação de marchas | 1º | – | 2.125 | 2.125 |
2º | – | 1.647 | 1.647 | |
3º | – | 1.368 | 1.368 | |
4º | – | 1.217 | 1.217 | |
5º | – | 1.100 | 1.100 | |
6º | – | 1.032 | 1.032 | |
Relação (primária e secundária) | – | 1.933/2.471 | 1.933/2.353~2.933 | |
Ângulo de cáster | – | 24.6º | 24.6º | |
Trail (mm) | – | 105 | 105 | |
Pneus | Dianteira | 16.5 polegadas | 120/70ZR17M/C | 120/70ZR17M/C |
Traseira | 16.5 Polegadas | 190/55ZR17M/C | 190/55ZR17M/C | |
Freios | Dianteira | Dois discos hidráulicos | Dois discos hidráulicos | Dois discos hidráulicos |
Traseira | Disco hidráulico | Disco hidráulico | Disco hidráulico | |
Suspensão | Dianteira | – | Telescópica | Telescópica |
Traseira | – | Pro-Link | Pro-Link | |
Quadro | Diamante | Diamante | Diamante |