Quando a Honda lançou a CBR900RR em 1992 mal sabia que 30 anos depois a sua linhagem ainda estaria sendo produzida e estaríamos falando dela. Veja aqui as evoluções que separam essas duas gerações.
Concebida por Tadao Baba, a CBR900RR nasceu de uma necessidade: fazer uma 1.000cc tão ágil quanto uma 600cc. Isso em uma época de eletrônica praticamente zero era bem difícil, e só podia ser atingido na prancheta de projetos e por meios mecânicos.
Foi então que os engenheiros da Honda teve a ideia de montar um motor de 893 cm³ no quadro de uma 600cc. Com apenas 6 kg a mais (205 kg no total), o propulsor rendia 125 cv a 10.500 rpm e 8,97 kgf.m a 9.500 rpm, números pacatos atualmente, mas que enchiam de orgulho em 1992.
Referência na época, a Yamaha FZR1000, tinha 20 cv a mais, é verdade, mas também pesava 34 kg extras, o que deixava a Honda com uma relação peso/potência (1,64 kg /1 cv) mais interessante. Além disso, era mais leve e potente que a Kawasaki Ninja ZX-7R e Suzuki GSX-R 750.
Assim, a CBR900RR praticamente ditou o fim das superbikes de 750cc e suas sucessoras estabeleceram as tendências no segmento até o aparecimento da Yamaha YZF-R1. Quase 30 anos depois, a Honda precisou começar do zero novamente, com a CBR1000RR-R, que estreou em 2020. O que mudou?
O motor, embora compartilhe a mesma arquitetura básica, 999 cm³ (desde 2008), duplo comando, quatro cilindros em linha e 16 válvulas, é radicalmente mais potente: 214,6 cv de potência a 14.500 rpm e 11,4 kgf.m de torque a 12.500 giros, cerca de 75% a mais que a CBR900RR.
Enquanto a 900cc tinha o diâmetro x curso em 70×58 mm, a 1000cc têm 81×48,5 mm, o que a permite alcançar até 4.000 giros a mais. Grande parte de sua potência extremamente alta é originada aí. O peso é praticamente o mesmo, 205 kg contra 201 kg, o que melhorou a relação peso/potência para 0,9 kg/1 cv.
Na parte ciclística, ambas compartilham quadros de mesma concepção (dupla viga de alumínio) e a mesma marca de suspensão (Showa). Mas enquanto a 900cc monta garfos convencionais invertidos, a 1000cc pode contar com um sistema eletrônico Öhlins Smart Electronic Control na versão SP.
Nos freios, a 900cc vinha com discos de 296 mm e pinças Nissin convencionais de quatro pistões. Já a 1000cc conta com discos de 330 mm mordidos por pinças Nissin ou Brembo (dependendo da versão) com 4 pistões radiais, além de um advento que não existia em 1992: o ABS em curvas.
Ambas possuem o mesmo ângulo de direção, 24º, mas a distância entre-eixos aumentou um pouco: na 900cc era de 1.405 mm, enquanto na CBR atual é de 1.460 mm. Olhando lateralmente você pode notar como a motocicleta esticou e ficou com a traseira bem mais alta. Isso se reflete na altura do assento, que passou de 815 mm para 835 mm.
Outra mudança bem visível é os pneus. A CBR900RR vinha com um 130/70/16 na dianteira e 180/55/17 na traseira. Já a CBR1000RR-R vem com 120/70/17 na frente (medida padrão) e um 200/55/17 atrás, necessário para manter a estabilidade. Isso para não mencionar os faróis de LED, o painel TFT multifuncional, os controles eletrônicos, a aerodinâmica com asas… muita coisa acontece em 30 anos.