Conforme prometido, a Honda apresentou oficialmente hoje (23) a nova CRF1100L Africa Twin para 2020. A big trail da marca japonesa passou por sua maior reformulação desde que voltou ao mercado em 2015.
Alguns nomes tem grande reputação no motociclismo. Africa Twin é um deles. A primeira encarnação venceu quatro edições do Paris-Dakar nos anos 1980 (até hoje os últimos títulos da Honda na competição) e tornou-se sinônimo de Off-Road.
Quando resolveu resgatar a Africa Twin, aposentada desde o início do milênio, a Honda já sabia que precisava honrar esse legado. Com a CRF1000L eles quase chegaram lá, oferecendo uma motocicleta leve, ágil e correta… mas um tanto pacata e sem graça.
Desde que a Africa Twin dominava os desertos africanos muita coisa mudou. O segmento das big trail é um deles. Hoje, o mercado é um dos mais disputados do mundo, com as (diversas) marcas caprichando para valer em termos de desempenho e tecnologia.
Motor retrabalhado para ficar mais disposto
Uma das principais críticas da Africa Twin era seu motor, um equilibrado, porém indisposto bicilíndrico em linha de 998 cm³ que produzia 94 cv na melhor das hipóteses, bem menos do que a líder, BMW R1200GS e atrás até da “menor” Triumph Tiger 800.
Dar um impulso extra ao motor foi, portanto, o assunto principal da Honda no projeto da nova África Twin. O novo propulsor teve a sua cilindrada aumentada para 1.084 cm³, graças a um aumento do curso dos pistões em pouco mais de 5 mm.
O cabeçote foi revisado, o curso das válvulas aumentado, assim como o corpo do acelerador, enquanto que os bicos injetores fornecem um spray mais direto na câmara de combustão. Para gerar um ronco um pouco mais encorpado (e mais torque em baixa) a Honda instalou uma válvula de escape parecida com a da Fireblade.
As modificações fizeram com que a Africa Twin finalmente superasse a barreira dos 100 cv, enquanto o torque foi para 10,6 kgf.m, um aumento de 6%. Além de tudo isso, uma nova embreagem menor e mais leve deve deixá-la mais animada.
O chassi da África Twin também fora completamente redesenhado. O tubo transversal dianteiro foi removido, o que economizou 1,8 kg. O subquadro agora é de alumínio, separado e aparafusado, 40 mm mais fino para facilitar o acesso e economizar outros 500g. Ao todo, a motocicleta inteira pesa 226 kg, 5 quilos a menos que o modelo anterior.
É claro que tudo isso veio acompanhado de uma reestilização completa, principalmente na dianteira. Os faróis, por exemplo, estão mais integrados à carenagem e perderam aquele aspecto de “óculos”, com novas luzes que se ajustam a intensidade com base na luz natural. Mas a moto manteve a silhueta magra que lhe é característica.
Painel com duas telas
Maior atenção foi dada à parte eletrônica. Para 2020, a Africa Twin ganhou uma nova centralina eletrônica da Bosch, capaz de medir seis eixos inerciais. Isso significa que a motocicleta agora conta com controle de tração sensível à inclinação, ABS em curvas, controle de wheelie e de torque da roda traseira.
Ao sentar-se atrás do guidão, o piloto terá um novo painel para olhar. Dois na verdade. O inferior de LCD disponibiliza as informações triviais, como velocidade, hodômetro, marcha engatada e luzes-espia. O superior é uma tela TFT de 6,5 polegadas sensível ao toque, que habilita recurso de navegação, música pelo Apple Car Play e dispensa a instalação de aparelhos GPS como acessório. Bem bolado, Honda.
Versão Adventure Sports fica mais estradeira e tecnológica
A marca da asa disponibilizará duas versões para a nova África Twin. A standard, que ficou mais Off-Road, e a Adventure Sports, que ganhou uma orientação mais estradeira, contando com barras de proteção, para-brisa mais alto e um tanque de combustível maior, de 24,8 litros. Ambas, contudo, contam com o novo painel de duas telas.
A grande novidade na Adventure Sports é a suspensão semi-ativa. O modelo Showa “EERA” ajusta o amortecimento à superfície da estrada e ao estilo de pilotagem com quatro modos pré-programados (Soft, Mid, Hard e Off-Road). A pré-carga traseira também pode ser ajustada, novamente com quatro predefinições (Piloto, Piloto e Bagagem, Piloto e Garupa e Piloto, Garupa e Bagagem).
A Honda não informou o preço da nova CRF1100L Africa Twin para os mercados norte-americano e europeu, mas suspeito que será um pouco acima do modelo atual. A motocicleta deve comparecer ao Salão de Tóquio, no final de outubro e no Salão de Milão, no início de novembro e nas concessionárias do exterior no primeiro semestre de 2020. No Brasil, sua chegada é uma incógnita.
Honda CRF1100L Africa Twin 2020 – Ficha técnica
MOTOR | ||
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Tipo | Dois cilindros em linha, 4 tempos, com virabrequim 270°, cabeçote Unicam, oito válvulas e refrigeração líquida | |
Deslocamento | 1.084 cm³ | |
Diâmetro x Curso (mm) | 92,0 x 81,5 mm | |
Potência máxima | 100 cv às 7.500 rpm | |
Torque | 10,70 kgf.m a 6.000 rpm | |
Embreagem | Multidisco em banho de óleo, (embreagem dupla DCT como opcional) | |
Caixa de câmbio | Seis velocidades (DCT opcional) | |
CHASSIS | ||
Tipo | Berço semi-duplo de aço com subquadro de alumínio | |
Suspensão dianteira | Showa ajustável de 45 mm, curso de 230 mm | |
Suspensão traseira | Amortecedor com carga de gás ajustável, 220 mm de curso | |
Dianteira | Aro de alumínio com raios, 90/90-R21 com câmera | |
Traseira | Aro de alumínio com raios, 150/70-R18 com câmera | |
Encaminhar | Discos duplos de 310 mm e pinças de 4 pistões com âncora radial, ABS | |
Traseira | Disco hidráulico de 256 mm com pinça de 1 pistão, ABS | |
DIMENSÕES E PESOS | ||
Tanque de combustível | 18,8 litros (24,8l na Adventure Sports) | |
Comprimento | 2.330 mm | |
Largura | 960 mm | |
Altura | 1.395 mm | |
Distância entre eixos | 1.575 mm | |
Altura do assento (posição padrão) | 870mm | |
Distância ao solo | 250 mm | |
Peso | 226 kg (standard), 236 kg (DCT) |