A Harley-Davidson anunciou ontem (25) que vai transferir parte de sua linha de montagem para fora dos Estados Unidos nos próximos anos. A decisão foi motivada devido aos últimos impasses entre o aumento das taxas promovidas pelo governo norte-americano e a consequente retaliação da União Europeia, na semana passada.

No início do ano, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou que iria aumentar as tarifas do aço e alumínio importados para o país em 20% e 10%, respectivamente, como forma de melhorar os preços e proteger a indústria metalúrgica do país. A decisão, no entanto, foi muito mal recebida pelo resto do mundo.
Na semana passada, a União Europeia (UE) anunciou a sua aguardada retaliação, aumentando as tarifas de importação para uma série de produtos norte-americanos. No que concerne à indústria motociclística, motocicletas acima de 500cc (à combustão) serão taxadas em 31%, ante os 6% anteriores, o que aumenta o custo de produção em US$ 2.200 por unidade.
A resposta da Harley-Davidson, a maior prejudicada na questão, não demorou nem uma semana. Em seu comunicado de ontem, a marca de Milwaukee confirmou que não vai alterar os preços na Europa por enquanto, já que isso “teria um impacto negativo imediato e duradouro em seus negócios na região, reduzindo o acesso dos clientes aos produtos e impactando negativamente a sustentabilidade de seus produtos“.

Ao invés disso, a Harley-Davidson optou por absorver ela mesma as perdas no curto prazo, estimando “um custo incremental para o restante de 2018 de aproximadamente $30 a $45 milhões de dólares“. Em uma base anual, a empresa estima que o impacto das novas tarifas seja de aproximadamente 90 a 100 milhões.
No longo prazo, no entanto, a Harley-Davidson tentará compensar as perdas transferindo a sua produção para as fábricas já estabelecidas no Brasil, Austrália, Índia e em uma nova planta na Tailândia. Eles garantiram que essa não era a preferência da empresa, mas foi a melhor opção para manter a sua viabilidade na Europa.
O mercado europeu é muito importante para a Harley-Davidson. Em 2017, enquanto os Estados Unidos amargaram um novo resultado negativo anual, o velho continente já responde positivamente no setor, com a marca do Bar&Shield comercializando 40.000 vendas de motocicletas.
Quanto aos funcionários, a Harley-Davidson não disse se eles seriam prejudicados imediatamente, preferindo esperar os primeiros resultados financeiros das tarifas retaliatórias da União Europeia, o que será feito através de uma teleconferência no dia 24 de julho de 2018.