A Harley-Davidson está dividida nos seus mais altos escalões. De um lado está a maior parte da empresa. Do outro, a acionista H Partners, que exige mudanças profundas e mais uma vez está botando a boca no trombone.
Com as vendas globais em queda livre desde 2015, a Harley-Davidson mudou o seu presidente, saindo de cena o progressista Matt Levatich e entrando o mais conservador Jochen Zeitz, ex-CEO da Puma, que implementou um plano estratégico de recuperação, o The Hardwire.
Já a H Partners é um fundo de investimento do tipo “investidor ativista”, que defende seus interesses interferindo ativamente na gestão da empresa da qual detém ações. Ela detém 9% da Harley-Davidson e dessa forma, garantiu uma cadeira no Conselho de Administração em 2022.
É aí que o conflito começa. Como parte do acordo, Jared Dourdeville, da H Partners se juntaria ao conselho de diretores em nome da empresa. Mas como suas ideias alegadamente não eram ouvidas, eles resolveram tornarar públicos os conflitos e os problemas de gestão.
Basicamente, eles querem a saída imediata não apenas do CEO Jochen Zeitz, mas também de dois membros antigos do conselho, Norman Thomas Linebarger e Sara Levinson, devido aos resultados comprovadamente ruins. Algo que a Harley está relutando em fazer.
Em maio, foi realizada uma votação sobre a permanência ou não dos três executivos. Eles conseguiram, por pouco, a maioria dos votos. Mas a H Partners não ficou satisfeita. Eles agora vieram a público novamente alegando que a votação foi manipulada.
Eles afirmam que a Harley-Davidson fez acordos ilícitos com outros acionistas antes das votações sobre o assunto, nos quais (curiosamente) foram prometidas exatamente as mudanças na diretoria que a H Partners exigia. Leia parte do comunicado abaixo.
“Esse comportamento sugere que o Conselho de Administração acredita que existem dois tipos de acionistas: um grupo de elite de acionistas com acesso especial e todos os outros acionistas que são ignorantes. Acreditamos que esse é precisamente o pensamento arrogante e tacanho que levou à erosão da marca, à frustração das concessionárias e à queda contínua nas vendas da Harley-Davidson.”
De qualquer forma, após a assembleia, foi anunciado que Zeitz, Linebarger e Levinson eventualmente deixariam a empresa nos próximos meses. Algo que parece não ter arrefecido os interesses da H Partners. O conflito interno e os problemas da Harley-Davidson, portanto, parecem longe do fim.