Foi no dia 17 de abril de 2005 que o Brasil venceu pela última vez uma corrida de MotoGP. O feito foi realizado, claro, por Alex Barros, no Grande Prêmio de Portugal, no circuito de Estoril.
A temporada 2005 de MotoGP, em alguns aspectos, lembra a atual: o melhor piloto da época, Valentino Rossi, estava com a melhor moto, a Yamaha YZR-M1, agora plenamente desenvolvida pelo Doutor. O que se veria era um massacre: 16 pódios em 17 corridas, das quais 11 foram vitórias.
Foi uma temporada repleta de corridas dramáticas, incluindo quatro corridas afetadas pela chuva em Portugal, China, França e Grã-Bretanha. No dia 17 de abril, choveu cedo pela manhã no Estoril e nuvens pairaram sobre a pista pelo resto do dia.
Barros estava de volta à equipe cliente Camel Honda Pons após uma malsucedida passagem pela HRC em 2004. Max Biaggi, que passara o ano anterior inteiro falando mal do brasileiro, conseguiu a sua vaga, em uma troca de posições dentro da montadora.
Disposto a calar os críticos Barros conseguiu a pole position para o GP de Portugal, a segunda etapa daquele campeonato. Em 2005, ele já estava com 34 anos e entrava em sua 16ª temporada. Havia a sensação de que algo precisava ser provado.
Apesar de algumas marcas de chuva, quando a corrida começou, a pista estava seca e os pilotos optaram por pneus slick. Mas quem tomou a ponta na largada foi Sete Gibernau (Movistar Honda), com Alex em seu encalço. Após dez voltas, os dois tinham 7 segundos de vantagem sobre os demais.
Na metade da corrida, as bandeiras brancas foram agitadas. A chuva havia retornado. No começo, eram apenas algumas gotas, mas em poucos minutos começou a chover para valer, tempo em que Gibernau acabou caindo antes de trocar de moto.
Naquela época, foi introduzida a regra flag to flag (bandeira a bandeira), que permitia que os motociclistas fossem aos boxes trocar de motocicleta. Mas somente durante esta corrida, ninguém aproveitou esta oportunidade – todos ficaram com pneus slicks.
As coisas ficaram críticas nas voltas finais, quando a chuva apertou. Rossi, que vinha em segundo, conseguiu encurtar a diferença de 10 segundos para apenas 2 segundos. Mas Barros conseguiu gerir a situação até a bandeirada de chegada. Biaggi completou o pódio na Honda de fábrica.
“Não comecei bem, então tive que recuperar o atraso rapidamente porque não queria que ninguém na minha frente abrisse vantagem”, comentou Barros. “Sete foi rápido e depois choveu um pouco. Em uma volta, diminuí um pouco a velocidade porque a chuva estava ficando mais forte, e naquele momento o ritmo no pelotão também estava diminuindo, então alcancei Sete novamente.”
“Então ele cometeu um erro, pois a chuva ficou mais forte no final da reta. Ele freou bruscamente e perdeu a roda dianteira. Depois disso, tive que manter minha liderança. Foi muito difícil, principalmente nas duas primeiras curvas”, resumiu o piloto brasileiro.
Foi a última das sete vitórias conquistadas por Barros na Categoria Rainha do motociclismo, que começou a frequentar em 1989. Sem lugar na MotoGP em 2006, ele foi para o WorldSBK onde conquistou duas vitórias na sua única temporada lá.
De volta à MotoGP em 2007, Barros passou a correr na equipe Pramac-Dantin, conquistando seu último pódio no GP da Itália em Mugello. O Brasil não venceria novamente no Campeonato Mundial até 2023, com Diogo Moreira no GP da Indonésia de Moto3. Mas o jejum na classe principal permanece!