No próximo final de semana, a MotoGP entra em um terreno desconhecido: o GP da Hungria, que sediou apenas duas etapas no passado, em 1990 e 1992, vencidas por Mick Doohan e Eddie Lawson.
No início dos anos 1990, o bloco socialista estava se abrindo. O muro de Berlim havia acabado de cair e países antes sob a forte influência da União Soviética, estavam novamente recebendo turistas do oeste. Esse era o caso da Hungria.
A Hungria já recebia a Fórmula 1 desde 1986 em um autódromo novo, o Hungaroring, próximo da capital Budapeste. O Campeonato Mundial de Motociclismo, que já corria em outros países do bloco, como Yugoslávia e Tchecoslováquia, queria fazer o mesmo em 1990.
Conhecido por ser lento e travado, o circuito de Hungaroring é marcado por diversas curvas lentas e uma única longa reta, modelo de circuito que se tornaria padrão nos anos seguintes. Tanto que o traçado sofreu poucas modificações nesses 40 anos.
Mas o primeiro Grande Prêmio da Hungria foi longe de ser tranquilo. As temperaturas naquele fim de semana estavam muito altas e o asfalto estava irregular fazendo com que os pilotos começassem a discutir sobre o cancelamento do evento.
Na noite anterior à corrida, uma tempestade encharcou o circuito. Agora, a pista não estava apenas irregular, mas também muito escorregadia. No entanto, depois que o sol saiu, a pista secou e foi limpa pelos fiscais. Um acordo com os pilotos foi alcançado.
Quem cruzou a linha de chegada em primeiro foi Mick Doohan, sua primeira vitória nas 500cc. John Kocinski levou a vitória nas 250cc e Loris Capirossi nas 125cc. Contudo, após a corrida, o conselho administrativo da FIM se recusou a manter o GP para o ano seguinte.
Após uma ausência de um ano, o GP da Hungria reapareceu no calendário em 1992, depois que a IRTA e Bernie Ecclestone, o então chefão da Fórmula 1, obtiveram mais influência sobre a FIM. Também foram feitas algumas melhorias no circuito para agradar os motociclistas.
A corrida começou com pista molhada e quando secou, os pilotos foram aos boxes para trocar de moto. Quem cruzou a linha de chegada em primeiro foi Eddie Lawson, a sua última vitória no Mundial e a primeira da fabricante italiana, que fazia um grande investimento naquela época.
Nas 250cc, a vitória ficou com Luca Cadalora, que logo seria visto nas 500cc, enquanto que nas 125cc o vencedor foi Alessandro Gramigni, o campeão daquele ano. Depois dessa edição, o GP da Hungria desapareceu mais uma vez do calendário das motos.
Desde então, o governo húngaro fez várias tentativas de reingressar no calendário. Em 2008, novos planos foram traçados para trazer a MotoGP para o novo circuito de Balatonring, a 180 km de Budapeste, no extremo oeste de Balaton.
As obras de construção do projeto de 200 milhões de euros começaram em novembro de 2008 visando estar em condições de receber a Categoria Rainha em 2009. No entanto, a construção foi interrompida pela crise econômica mundial daquele ano.
Problemas relacionados a investimentos e aquisição das licenças necessárias também estiveram presentes, interrompendo o trabalho diversas vezes. O autódromo passou anos esperando os toques finais até finalmente estar pronto em 2019 com ajuda do governo local.
Assim como Hungaroring, Balatonring é um circuito de natureza sinuosa, com 17 curvas fechadas e apenas duas retas para realizar ultrapassagens. O Mundial de Superbike correu lá há algumas semanas e eles também se impressionaram em como o traçado é travado.
O GP da Hungria acontece também em agosto, no auge do verão europeu, que costuma ser forte nessa parte do leste europeu. Sem dúvida uma etapa desafiadora, tanto para pilotos, máquinas e organizadores, que precisam mostrar que tem condições de manter a prova no calendário nos próximos anos.