15 vezes campeão mundial e maior nome vivo do motociclismo, Giacomo Agostini é mais um a engrossar o coro de que a MotoGP atual precisa ser contida. O italiano propõe redução de potência, freios menos extremos e critério nas punições.
Apesar dos índices de audiência em ascensão, os pilotos de MotoGP são unânimes: a margem de erro está estreitíssima e muito disso deve-se ao aumento da potência, do downforce e do poder de frenagem, que estão deixando as ultrapassagens difíceis e as áreas de escape curtas. Em entrevista ao Moto.it, Agostini revelou que esteve recentemente na Brembo, onde lhe contaram que estão no limite.
“Se você tem que colocar uma chicane para desacelerar as motos, algo está errado. Por um lado você está procurando potência e velocidade, por outro você está estudando um sistema para mortificar o desempenho. Hoje as distâncias de frenagem diminuíram tanto que temos duas consequências: a ultrapassagem é muito mais difícil e a possibilidade de errar cresce mais a cada ano“, opina Ago.
“Quando ouço os engenheiros dizerem que toda essa eletrônica é necessária, porque sem elas o piloto não controla os 300 cv de potência, meus braços caem. Mas quem disse que são necessários 300 cavalos?” indaga Agostini. “Todo essa potência é inútil. O piloto deve ser a peça central, pelo menos no mesmo nível da moto. Fazíamos um show com um terço dessa cavalaria“, relembra.
Agostini também mostrou objeções com as decisões da Direção de Corrida, que está penalizando os pilotos durante as provas com critérios dúbios, como já vem acontecendo na Fórmula 1. Para o 15 vezes campeão, muitos erros são meros acidentes de corrida, já que todos estão no limite o tempo todo.
“Agora eles querem penalizar todos os erros de pilotagem. Quartararo no ano passado em Assen com Aeix Espargaró: absurdo punir o francês por ter cometido um ligeiro erro de frenagem“, argumenta Ago. “Há erros graves a serem sancionados, sim, como o de Márquez em Portimão, que o próprio admitiu. Mas hoje é fácil errar, os espaços de ultrapassagem caíram pela metade e o piloto não está sentado na poltrona da sala: está em uma moto que anda muito rápido e também pode acontecer que você perca uma classificação. As pessoas têm que entender.“
Em uma entrevista recente, o piloto de testes da Honda, Stefan Bradl também mostrou preocupação em como a margem para o erro na MotoGP estreitou de vez em 2023. Da mesma forma, uma análise das cinco primeiras etapas do ano revelou que os acidentes triplicaram, assim como as lesões, com a chegada das Sprint Races aos sábados.