Às vezes aparecem veículos escondidos em garagens onde o tempo parece ter parado. É o caso dessa Yamaha FZR 750 1987 – com apenas 3 milhas registradas no hodômetro, que foi encontrada na Espanha.
A motocicleta localizada possui origem canadense e é praticamente inexistente na Espanha, pois o modelo não foi sequer importado para o país ibérico. Produzida entre 1985 e 1991, a FZR 750 foi uma das mais notáveis esportivas da marca dos diapasões, por possuir um motor 4 tempos e 4 cilindros em linha, inteiramente em alumínio, com cinco válvulas por cilindro, algo incomum na época.
Com cerca de 106 cv a 10.500 rpm, a superbike acelerava muito forte, superando com facilidade os 240 km/h. O quadro (chamado pela Yamaha de Deltabox) era de dupla trave de alumínio, assim como a balança. O modelo possuía ainda partida elétrica e refrigeração líquida, tornando a FZR uma das motos mais modernas de sua era.
Acredita-se que apenas duas unidades de FZR 750 tenham entrado na Espanha em 1987, através da Motos Muriel, uma concessionária oficial Yamaha naquela época. Um exemplar foi utilizado em pistas de corrida enquanto o outro acabou sendo “posto para dormir” nos fundos de um armazém.
Depois de um sono de 27 anos, a motocicleta ressurgiu à venda. Foi quando o atual proprietário, o colecionador Eduardo Sanz, entrou em cena. Mesmo praticamente imaculada durante mais de um quarto de século, a FZR ainda precisou de uma pequena restauração. O ponto mais difícil foram os carburadores Mikuni: eles haviam sido extraídos e não existiam outros disponíveis naquela região da Europa.
Sanz conta que mesmo no Japão, esses carburadores já se encontram fora de catálogo e mesmo se ainda estivessem disponíveis, o preço da importação seria na ordem dos 3 mil euros, fora o frete. Demais até para os padrões europeus.
A solução foi adaptar carburadores da FZR 1000, mais fáceis de encontrar. Apesar de serem de 38 milímetros ao invés dos 34 originais, eles funcionaram sem problemas. Também vieram do modelo de 1000 cc, o cabo do acelerador e o filtro de ar.
O resto praticamente ficou inalterado, exceto um parafuso perdido ao longo dos anos e os pneus (medidas 120/70/17 na dianteira e 160/60/18 na traseira) que estavam “quadrados” após tanto tempo sem se mover. Naturalmente, todos os fluidos foram substituídos. Com tudo no lugar a FZR voltou a funcionar, e está literalmente de volta para o futuro.